O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se dispôs a mediar o conflito criado pelos Estados Unidos (EUA) na América do Sul, onde a Venezuela está sob ameaça. A confirmação se deu na manhã deste domingo (27).
O ministro das Relações Exteriores (MRE), Mauro Vieira, esclareceu à imprensa que Lula deixou claro a Trump que a América do Sul é uma região pacífica. Também destacou a atuação histórica do presidente como articulador no continente.
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Vieira afirmou, ainda, que o presidente dos EUA, Donald Trump, se mostrou disposto a resolver todos os pontos abordados por Lula na reunião, inclusive a questão da Venezuela.
“Vamos ter reuniões, falamos em termos genéticos sobre uma negociação para chegar a esse objetivo. Trump deixou claro que a relação com o Brasil é importante e quer sanar todas as dificuldades”, afirmou. “O presidente Lula levantou o tema, disse que a América do Sul é uma região de paz. Ele se dispôs a ser o interlocutor, como já fez no passado, para buscar soluções que sejam muito corretas, eficazes, entre os dois países”, completou Vieira.
Atuação histórica como mediador
A postura de Lula em se oferecer como interlocutor entre Estados Unidos e Venezuela não é inédita. Desde seus primeiros mandatos, o presidente brasileiro consolidou uma imagem de articulador diplomático na América do Sul, atuando em diversas ocasiões para evitar crises políticas e militares na região.
Em 2008, foi mediador das tensões entre Colômbia, Equador e Venezuela, após o bombardeio colombiano em território equatoriano. Também teve papel central na criação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), idealizada para fortalecer o diálogo político regional e reduzir a influência de potências externas.
Lula participou de negociações indiretas com o governo venezuelano e com a oposição em momentos de instabilidade, sempre defendendo a via diplomática e o princípio da autonomia e não intervenção nos assuntos internos dos países vizinhos.
Crise entre EUA e Venezuela acende alerta na América do Sul
A atual tensão entre EUA e Venezuela ganhou força após o governo de Donald Trump anunciar novas sanções econômicas e ameaças de intervenção militar sob o argumento de combater o narcotráfico e o terrorismo na região. Em julho, o governo dos EUA chegou a oferecer dinheiro em troca de informações sobre Nicolás Maduro.
As medidas, vistas por especialistas como parte de uma estratégia de ingerência norte-americana, reacenderam temores de instabilidade política na América do Sul, especialmente diante da importância do petróleo venezuelano no cenário energético global.
A ofensiva de Trump também pressiona países vizinhos, que buscam preservar sua soberania diante da escalada retórica de Washington. É nesse contexto que Lula se coloca novamente como voz diplomática pela paz, tentando conter o avanço de tensões que ameaçam a estabilidade continental.