Ao longo da madrugada desta quarta-feira (29), uma cena de horror tomou conta da Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. Moradores levaram até o local 54 corpos, supostamente retirados da mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia — área onde ocorreram os confrontos mais intensos entre policiais e traficantes durante a megaoperação realizada na terça-feira (28).
O silêncio predominava entre os que se reuniam na praça, interrompido apenas por gritos de desespero de familiares que tentavam reconhecer os mortos. Pessoas com luvas cortavam partes das roupas das vítimas para facilitar a identificação. Segundo os próprios moradores, é esse grupo que passou a contabilizar os corpos.
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Por volta das 3h da manhã, uma fileira de cadáveres começou a se formar na praça. Nas horas seguintes, mais corpos foram trazidos, transportados em caçambas de caminhonetes. Os próprios moradores retiravam os corpos dos veículos e os alinhavam no chão, em uma cena que se estendeu até o amanhecer. Às 7h30, novos cadáveres ainda chegavam ao local.
Pouco antes das 8h, três rabecões do Instituto Médico-Legal (IML) chegaram à praça. A maioria dos corpos, que até então estava coberta, começou a ser descoberta diante de centenas de pessoas.
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“Cadê o meu filho?”, gritou uma mulher, enquanto outros tentavam conter familiares em prantos.
Moradores relataram que ao menos um dos homens mortos teria se rendido antes de ser executado. “Nunca vi isso”, disse um morador, atônito.
Operação mais letal da história do estado
A operação, batizada de Contenção, foi deflagrada na terça-feira (28) e mobilizou cerca de 2.500 agentes das forças de segurança estaduais e federais. Segundo dados oficiais do governo do Rio, 60 pessoas morreram, a maioria suspeita de envolvimento com o tráfico, além de quatro policiais.
Ainda não há confirmação se os corpos levados pelos moradores à Praça São Lucas estão incluídos nessa contagem — o que pode elevar o número total de vítimas e tornar a operação ainda mais letal.
Moradores afirmam que há mais mortos no alto do morro, nas áreas de mata, e cobram a presença das autoridades para remover os corpos.
O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou ao g1 que a corporação irá investigar o episódio envolvendo os cadáveres levados pelos moradores.