CRISE NA POLÍCIA CIVIL

Delegados de SP perdem a paciência com Tarcísio e cobram promessas não cumpridas

Categoria denuncia salários entre os piores do país, déficit de mais de 15 mil profissionais e estrutura precária

O governador Tarcísio Gomes de Freitas.Créditos: Pablo Jacob / Governo do Estado de SP
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A Polícia Civil de São Paulo vive uma situação crítica, entre salários defasados, déficit de pessoal e estrutura precária, enquanto promessas feitas pelo governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) durante a campanha de 2022 permanecem não cumpridas. A denúncia é do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp), que alerta para a falta de diálogo do governo e a ausência de valorização da categoria.

Entre as promessas de Tarcísio não cumpridas, estava a de tornar a Polícia Civil paulista uma das instituições melhor remuneradas do país. Hoje, São Paulo ocupa o 24º lugar em remuneração, mesmo sendo a unidade federativa mais rica do Brasil.

“Apesar de o governador ter iniciado seu mandato, em 2023, concedendo reajuste médio de 20% para os policiais - sendo que para delegados, especificamente, o percentual foi bem abaixo disso - os anos de 2024 e 2025 foram marcados por perdas salariais reais, já que a inflação no período superou a única recomposição de 5% ocorrida neste ano. O delegado de Polícia de São Paulo, hoje, tem a 4ª pior remuneração do Brasil”, afirma a presidente do Sindpesp, delegada Jacqueline Valadares.

Além disso, direitos básicos como hora extra, adicional por trabalho noturno e auxílio-saúde continuam sendo negligenciados, reforçando a sensação de descaso do governo.

Déficit de policiais e Lei Orgânica emperrada

Outro ponto crítico é o quadro de pessoal. Apesar de concursos e nomeações, o déficit, que era de 17 mil policiais em 2022, caiu para 13 mil e voltou a subir, atingindo atualmente mais de 15 mil profissionais, de delegados a peritos criminais.

A nova Lei Orgânica da Polícia Civil, prometida para modernizar a instituição, ainda está em fase de estudo, sem cronograma definido e sem diálogo com as entidades representativas. Sobre o plano de carreira, Jacqueline Valadares destaca:

“Sem entregar uma nova Lei Orgânica que, efetivamente, modernize a estrutura da Polícia Civil, o Governo de São Paulo também não cumpre outra promessa - a de implantar um plano de carreira que assegure não somente a ausência de interferências políticas, mas, sobretudo, o fim da sonegação de direitos básicos aos policiais, como hora extra, adicional por trabalho noturno e auxílio-saúde, por exemplo.”

A dirigente sindical também critica a falta de investimentos e estrutura nas delegacias, que prejudica diretamente o trabalho da categoria:

“Daqui um ano, ocorrerão novamente eleições, e a classe policial paulista ainda aguarda respostas das promessas feitas no pleito passado. Será que essas promessas serão novamente repetidas na próxima campanha?”

Com cinco promessas de campanha direcionadas à Polícia Civil e a maioria ainda sem cumprimento, o governo Tarcísio enfrenta crescente insatisfação de uma das categorias mais estratégicas para a segurança pública de São Paulo.

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