CRIME ORGANIZADO

“Sem reindustrialização não há combate ao crime organizado”, afirma Elias Jabbour em palestra

Ele também criticou os discursos tradicionais sobre segurança pública, tanto da direita quanto da esquerda

Créditos: Arquivo pessoal
Escrito en BRASIL el

Presidente do Instituto Pereira Passos (IPP), o professor Elias Jabbour fez uma palestra, nesta segunda-feira (4), na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), sobre geopolítica, China e os desafios da violência urbana no Brasil. Jabbour defendeu que a reconstrução da base produtiva nacional é condição essencial para enfrentar a crise social e a escalada da violência urbana nas grandes metrópoles.

Durante a aula, o professor destacou que o processo de desindustrialização iniciado nas últimas décadas jogou milhões de brasileiros na marginalização, com impactos profundos nas grandes cidades, e especialmente no Rio de Janeiro, que foi o estado que mais perdeu indústrias e empregos industriais. “A desindustrialização produziu um exército de pessoas sem perspectiva, empurradas para a informalidade ou para o crime. Quando o país perde suas fábricas, perde também sua capacidade de organizar o trabalho e oferecer dignidade”, afirmou.

Segundo ele, o aumento da criminalidade está diretamente ligado à ausência de trabalho qualificado e de oportunidades no setor produtivo. “Nenhuma política de segurança pública será eficaz se não houver emprego industrial e renda. Só com um novo ciclo de industrialização o Rio de Janeiro poderá enfraquecer o poder do crime organizado”, disse.

Ele também criticou os discursos tradicionais sobre segurança pública, tanto da direita quanto da esquerda. “A direita acredita que o problema se resolve com mais armas, e a esquerda acha que se resolve apenas com políticas sociais. Nenhum dos dois enfrenta a raiz econômica da violência: a desindustrialização. É preciso recolocar o trabalho e a produção no centro do projeto nacional”, defendeu.

Ao abordar a experiência chinesa, Jabbour destacou que o país conseguiu combinar planejamento estatal, desenvolvimento tecnológico e industrialização para reduzir desigualdades e garantir soberania. “A China mostrou que não há milagre: só há segurança e estabilidade social quando há emprego produtivo e indústria forte. É isso que precisamos reconstruir no Brasil”, disse o professor.

A palestra fez parte das atividades acadêmicas da UFRRJ voltadas à reflexão sobre os rumos do desenvolvimento brasileiro e os desafios da soberania nacional.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar