EXTREMISTA

Eduardo Bolsonaro incentiva ameaças a professora da UFF que criticou ação no Rio

Deputado foragido estimulou abertamente ataques à acadêmica Jacqueline Muniz, que precisou pedir proteção ao MP depois que bolsonaristas passaram a persegui-la

O deputado extremista foragido Eduardo Bolsonaro e a acadêmica Jacqueline Muniz.Créditos: Frames de vídeo do YouTube/Reprodução
Escrito en BRASIL el

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive foragido nos EUA desde o começo do ano, resolveu incentivar seus seguidores extremistas a atacarem a professora Jacqueline Muniz, especialista em Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), que passou a ser ameaçada após tecer críticas à operação policial que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio, ocorrida na semana passada. A acadêmica, que se tornou viral pelas mensagens de ódio e intimidatórias lançadas em larga escala nas redes, precisou pedir proteção ao Ministério Público.

“Fica tranquila, tia. Anda com uma pedra na bolsa que fica tudo certo”, postou o parlamentar de extrema direita foragido, o que gerou uma nova onda de ataques nos comentários de seu perfil oficial no X (antigo Twitter), onde mantém mais de três milhões de seguidores.

Veja a postagem:

 

Jacqueline Muniz é ameaçada após criticar massacre no RJ

A antropóloga e professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jacqueline Muniz, usou as redes sociais para denunciar que foi ameaçada. Ela fez duras críticas públicas ao massacre policial ocorrido nos Complexos do Alemão e da Penha, que culminou com a morte de mais de 100 pessoas, por ordem do governador Cláudio Castro (PL).

No sábado (1º), Jacqueline se dirigia a um restaurante quando foi fotografada por pessoas que publicaram as imagens nas redes, junto a ataques e ofensas.

Um perfil bolsonarista escreveu: “Acabo de ter o desprazer de encontrar esse ser humano no meu almoço aqui na Cobal do Humaitá”. Nos comentários, outro usuário incentivou a agressão: “Dá uma pedrada nela. kkkk”.

Jacqueline compartilhou as postagens em seus perfis no Instagram, Facebook e X (antigo Twitter), e pediu que o problema fosse divulgado.

A antropóloga destacou, também, que algumas ameaças tiveram como motivação publicações de parlamentares bolsonaristas, entre eles os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO).

“Algumas pessoas foram estimuladas por postagens desses deputados, o que ampliou o volume das ameaças”, ressaltou.

Jacqueline citou uma usuária que estaria estimulando ataques: “Esta senhora deste perfil está incitando manifestações de violência contra mim. Fica aqui registrado para futuro desdobramento legal!”, apontou.

Em entrevista ao Fórum Onze e Meia, na quarta-feira (29), um dia após a megaoperação, a professora afirmou que o governo do Rio sustenta a política de insegurança como projeto de poder eleitoral.

“Matança dá voto, sim, porque quem mata tem mérito e quem morre tem merecimento neste discurso bravateiro de políticos irresponsáveis e apocalípticos que vendem uma coisa que não podem entregar. Por isso, você não pode dizer se ele está certo ou errado. Ele está sempre ali como um pregador do Senhor da Guerra, do profeta do caos e do mercador da proteção”, afirmou.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar