A CASA CAIU?

Investigação da PF no Rio pode centrar em aliado de Cláudio Castro que está preso

Ex-subordinado do governador está na cadeia sob acusação de ajudar o Comando Vermelho

Aliados.TH Joias com Cláudio Castro e o advogado que serviu ao governador e agora está preso acusado de servir ao Comando Vermelho.Créditos: Reprodução redes sociais
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O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, poderá ser obrigado a explicar a indicação do advogado Alessandro Pitombeira Carracena para seu secretariado.

Carracena está preso por sua articulação com criminosos do Comando Vermelho. Ele assumiu o cargo de secretário de Esporte e Lazer do governo Castro em 13 de abril de 2022.

Posteriormente, ocupou o cargo de subsecretário de Estado de Defesa do Consumidor. Ele se afastou em janeiro de 2025, alegando que pretendia advogar.

Nesta quarta-feira, 5, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal investigue o crime organizado no Rio de Janeiro. O inquérito focará na infiltração das facções e milícias no aparato estatal e na lavagem de dinheiro.

Ao noticiar a audiência, o site do STF informou, mencionando a megaoperação do governo Cláudio Castro, que resultou em 121 mortes nos complexos da Maré e da Penha:

O ministro reiterou a necessidade de fortalecer o controle externo da atividade policial pelo Ministério Público, com atuação preventiva e independente. Informou ter requisitado imagens das ações para verificar eventual uso excessivo da força e afirmou que a Polícia Federal seguirá à frente da investigação macro, especialmente no rastreamento financeiro das facções, considerando que o enfraquecimento econômico das milícias e do tráfico é condição essencial para a redução da violência.

O esquema do TH Joias

No início de setembro, a Polícia Federal, a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado (MPRJ) fizeram uma ação conjunta que prendeu o deputado estadual TH Joias, o advogado Carracena, o delegado federal Gustavo Steel e o traficante Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, ligado ao Comando Vermelho, além de outros comparsas.

Thiego Raimundo dos Santos Silva ganhou o apelido por desenhar jóias milionárias, que vendeu a personalidades como Neymar e Vinicius Junior.

Candidato a deputado estadual, ele obteve apenas 15 mil votos.

Ficou na suplência e só assumiu o mandato com a indicação do deputado Rafael Picciani, seu colega de MDB, para a secretaria de Esporte do governo Castro.

TH Joias conseguiu um habeas corpus para exercer seu cargo na Alerj, uma vez que recorria em liberdade à condenação por tráfico de drogas de quase 15 anos, dos quais chegou a cumprir 10 meses.

"O parlamentar utilizava o mandato para favorecer o crime organizado", disse um comunicado da Polícia Civil do Rio.

Ele foi preso em um condomínio da Barra da Tijuca, acusado de repassar informações, lavar dinheiro do Comando Vermelho e vender equipamentos a diferentes facções, como o Terceiro Comando Puro e Amigos dos Amigos.

TH Joias indicou comparsas para cargos de assessoria da Alerj, dentre eles Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu. Ele foi preso por ter importado equipamentos antidrone proibidos por lei em ao menos oito ocasiões.

A Polícia Federal, ao cumprir mandado de busca, descobriu fotos de TH deitado na cama com R$ 5 milhões em dinheiro, que seriam do traficante Índio.

Num áudio de 2024, ao responder mensagem do traficante, TH diz: "Seu pedido é uma ordem. Eu trabalho pra você".

A Operação Zargun também encontrou cenas íntimas do deputado com o traficante, aparentemente em uma casa do complexo do Alemão.

TH, Castro e o advogado

TH foi expulso do MDB no dia de sua prisão. O governador Cláudio Castro declarou: "A lei vale para todos". 

Aliados descrevem a relação do deputado com o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, do União Brasil, como "unha e carne".

Bacellar é aliado de Cláudio Castro e teria atuado para que TH Joias não fosse impedido de assumir o cargo de deputado estadual.

Nas redes sociais, Bacellar já chamou TH de "irmão" e o aliado publicou:

No trabalho, somos comprometidos com nossas ações. Mas, graças a Deus, podemos viver momentos de descontração que fortalecem nossa amizade.

Acusado de ser comparsa de TH, o advogado Alessandro Pitombeira Sarraceno era subsecretário de Defesa do Consumidor no governo Castro quando atuou diretamente para ajudar o Comando Vermelho, segundo o superintendente da PF no Rio, Fábio Galvão:

Há um episódio da investigação que mostra quando uma unidade do Batalhão de Choque foi instalada na Gardênia, comunidade da Zona Oeste do Rio. Essa base atrapalhava o CV. O subsecretário recebeu uma ligação do TH, depois que ele havia falado com o Índio, e fez uma ingerência para retirar o batalhão de lá. Os criminosos conseguiram se infiltrar na polícia e na Assembleia Legislativa.

Sarraceno teria recebido R$ 90 mil do Comando Vermelho pelo "favor".

Em entrevistas posteriores à prisão da quadrilha, o governador Cláudio Castro disse que não acredita na infiltração do crime organizado no aparato estatal.

Depois da megaoperação contra o Comando Vermelho, internautas fizeram circular várias fotos do governador, sorridente, ao lado de TH Joias. 

Mas é a atuação de Sarraceno na política fluminense que pode despertar o interesse da Polícia Federal.

Ele já havia sido secretário municipal de Ordem Pública, na gestão de Marcelo Crivella, em 2020. Ganhou status no governo estadual de Castro. 

Como subsecretário de Defesa do Consumidor, ele atuava sob Gutemberg de Paula, indicado pelo senador Flávio Bolsonaro para cargos nos governos Crivella e Castro.

Bolsonaro negou proximidade com o advogado: "Se estive com ele duas vezes na vida, foi muito".

Sarraceno, quando advogado, se destacou na defesa de milicianos.

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