As imagens da câmera corporal usada pelos PMs são aterradoras e foram conseguidas com exclusividade pela reportagem do SBT. O cabo James Santana Gomes e o soldado Leo Felipe Aquino da Silva são acusados de estuprar e roubar uma jovem de 20 anos. O fato ocorreu no dia 3 de março deste ano, durante o carnaval de São Paulo. Nas cenas, é possível reconstruir o passo a passo de como tudo aconteceu.
Segundo relógio da própria câmera corporal, o crime teve início às 20h17 daquele domingo de carnaval, próximo a uma parada de ônibus em Diadema, na Grande São Paulo. A jovem, que segundo a mãe faz uso de remédios psiquiátricos, havia participado de um bloquinho e estava alcoolizada.
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Ela foi pedir ajuda aos PMs para pegar um carro por aplicativo para sua casa, na Zona Leste de São Paulo, pois seu celular estava sem bateria. Neste momento, ela entra no banco de trás da viatura. As imagens mostram o soldado dirigindo com um copo na mão contendo um líquido amarelo. A jovem afirma que os policiais consumiam bebida alcoólica.
A vítima ficou com os policiais durante duas horas, a maior parte do tempo no banco traseiro do carro. Neste meio tempo, seu celular foi carregado no painel da viatura e devolvido a ela dois minutos depois. Segundo a investigação, o cabo retirou ou desligou a câmera corporal durante 27 minutos.
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Neste momento, a jovem conseguiu enviar uma mensagem de vídeo para a mãe, denunciando a violência sexual.
O que se segue a partir de então complica ainda mais a situação dos PMs. Em torno das 22h30, eles entram na contramão em uma rua residencial em São Bernardo do Campo e estacionam a viatura. Tudo foi gravado pelas câmeras de segurança da rua. O cabo e o soldado saem da viatura e vão até debaixo de uma árvore. A jovem, então, corre até uma casa para pedir ajuda. Os dois a arrastam de volta para o carro.
Moradores que testemunharam o fato alegam que ouviram a moça pedindo socorro. Os PMs responderam que se tratava de uma ocorrência policial. Uma pessoa ouvida pela investigação afirma ter ouvido a jovem gritar que queria seu celular de volta.
Os PMs, então, entram na Via Anchieta. A câmera corporal é desligada por mais oito minutos. Quando o equipamento é religado, a moça já havia sido deixada no acostamento da rodovia sem a sua bolsa e o celular. Os objetos continuaram com os PMs e foram jogados mais adiante, no Rio Tamanduateí, na Avenida do Estado, já em São Paulo.
Os agentes públicos retornaram à sede do batalhão em Diadema como se nada tivesse acontecido. A jovem ficou na estrada sozinha, desesperada, descalça, sem a bolsa e o celular, e foi buscar ajuda em uma delegacia de polícia perto dali.
O cabo James Santana Gomes e o soldado Leo Felipe Aquino da Silva estão presos no Presídio Militar Romão Gomes. Os dois negam a violência sexual e o roubo da bolsa e do celular da jovem.
O que diz a defesa dos militares
O advogado dos PMs afirmou por meio de nota que a "versão dos policiais será colhida no momento processual oportuno por estratégia jurídica" já que "todo o teor da investigação é sigiloso e seu conteúdo, ainda que favorável aos policiais, se divulgado de forma inoportuna pode trazer prejuízo à defesa".
A defesa afirma ainda que irá se manifestar, se necessário for, ao final das investigações, reforçando o compromisso com a justiça e com as autoridades para elucidação dos fatos.
Veja o vídeo abaixo: