Um levantamento do programa Polos de Cidadania, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), revelou uma grande diferença entre os números oficiais e os dados do Cadastro Único (CadÚnico) sobre a população em situação de rua nas principais capitais do país.
Em São Paulo, por exemplo, o estudo identificou 96.220 pessoas vivendo nas ruas — quase o triplo das 31.884 reconhecidas pela prefeitura com base no censo de 2021. No Rio de Janeiro, o número chega a 21.764, contra os 7.865 considerados pela administração municipal. Já em Belo Horizonte, a diferença também é expressiva: 14 mil pessoas no CadÚnico, frente às 5.344 usadas pela prefeitura.
Te podría interesar
A prefeitura paulistana afirma que os dados do CadÚnico são “auto-declaratórios e cumulativos” e, por isso, não deveriam ser usados como única fonte. Mas o coordenador do estudo, André Luiz Freitas Dias, rebateu. Segundo ele, os números são atualizados mensalmente pelas próprias prefeituras e servem de base para os repasses do governo federal. “Se os dados informados não refletem a realidade, as políticas públicas saem prejudicadas. Isso afeta desde a oferta de moradia até a segurança alimentar”, destacou em entrevista ao Globo.
LEIA TAMBÉM: Governo já encontrou plano para enterrar de vez o PL da Anistia na Câmara
Te podría interesar
A prefeitura do Rio alegou não ter acesso à metodologia da pesquisa. Já Belo Horizonte afirmou que os dados mais altos consideram cadastros antigos. A UFMG, no entanto, reforça que utilizou apenas informações atualizadas, registradas pelas próprias gestões locais no sistema federal.
De acordo com o levantamento, o Brasil tem hoje 335.151 pessoas em situação de rua. São Paulo lidera o ranking, com um aumento de 3.664 pessoas desde dezembro de 2023 — média de 732 por mês. Na sequência estão Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza (10.045), Salvador (10.025) e Brasília (8.591).
LEIA TAMBÉM: Lenio Streck diz que anistia é "golpe na tentativa de golpe"