A Faculdade Santa Marcelina anunciou, nesta segunda-feira (28), a expulsão de 12 alunos do curso de medicina após a divulgação de uma imagem em que eles aparecem ao lado de uma faixa com a frase “entra porra, escorre sangue”. O episódio ocorreu durante um evento esportivo entre faculdades no último dia 15 de março e gerou forte repercussão por conter conotação violenta e alusões ao crime de estupro.
Segundo nota publicada pela instituição no Instagram, outros 11 estudantes envolvidos no caso receberam sanções disciplinares, como suspensões e advertências. A Associação Atlética Acadêmica da faculdade, responsável pela participação nos torneios esportivos, foi interditada por tempo indeterminado.
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“A Faculdade Santa Marcelina reafirma sua postura proativa e colaborativa perante as autoridades competentes, e compromete-se com a transparência, os princípios éticos e morais, a dignidade social e acadêmica e a legislação vigente”, diz o comunicado oficial.
Apuração interna e inquérito policial
Após o caso vir à tona, a instituição instaurou sindicâncias internas em 21 de março e informou que comunicou o Ministério Público. A Polícia Civil de São Paulo também investiga o caso e já havia identificado e colhido depoimentos de estudantes que aparecem nas fotos.
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A denúncia partiu do Coletivo Francisca, grupo feminista composto por alunas e ex-alunas de medicina da Santa Marcelina. Em documento enviado à direção, o coletivo apontou que o conteúdo da faixa faz referência a um antigo “hino” da atlética da faculdade, que havia sido banido em 2017 após denúncias de machismo, apologia ao estupro e linguagem ofensiva.
A frase presente na faixa, segundo o coletivo, remete diretamente a trechos desse hino, que contém expressões como:
“Se no fundo eu não relo, as bordas eu arregaço / Med Santa Marcelina arrancando seu cabaço”
“Entra porra e sai sangue, tu gritando igual capeta”
Histórico de denúncias
O coletivo relata que já havia alertado a instituição sobre o conteúdo do hino em anos anteriores, e que o ressurgimento da prática após oito anos levanta preocupações sobre a recorrência de comportamentos abusivos no ambiente universitário.
“O episódio nos faz questionar até quando esse tipo de cultura será tolerado”, disse uma ex-aluna em entrevista ao portal g1. Ela mencionou que práticas como trotes humilhantes, ritos misóginos e hinos com conteúdo sexual ofensivo ainda fazem parte da realidade de algumas faculdades de medicina.
Contexto legal
A denúncia do Coletivo Francisca também cita a Lei Estadual nº 18.013/2024, que proíbe atividades de recepção universitária que envolvam coação, humilhação, misoginia ou qualquer forma de constrangimento. A legislação determina que instituições de ensino devem investigar e punir estudantes que participem de atos desse tipo, mesmo fora das dependências da faculdade.
O coletivo solicita, ainda, a destituição de integrantes da atlética envolvidos na organização do evento e afirma que a manutenção dessas pessoas em cargos de representação reforça práticas ofensivas e constrangedoras dentro do ambiente acadêmico.
Com informações do G1