NATUREZA

A ilha mais desconhecida do Brasil: um paraíso científico e tecnológico no meio do Atlântico

Descoberta em 1501, a ilha foi oficialmente incorporada ao território brasileiro em 1822

Vista aérea do Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade (POIT).Créditos: Imagem: 2ºSG-MEC Leal
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Localizada a 1.140 km de Vitória (ES) e a 2.400 km da costa africana, a Ilha da Trindade é a única ilha oceânica brasileira com cursos de água permanentes. Pouco conhecida do grande público, ela é fundamental para a ciência nacional e para a presença estratégica do Brasil no Atlântico Sul.

Descoberta em 1501 pelo navegador João da Nova e oficialmente incorporada ao território brasileiro em 1822, a ilha foi palco de uma posse britânica em 1700, quando o astrônomo Edmund Halley acreditou estar diante de uma nova ilha.

Com a chegada de exploradores, espécies invasoras como cabras, porcos e camundongos alteraram drasticamente o ecossistema, levando à destruição da floresta tropical que ali existia. Hoje, restam gramíneas, ervas e uma floresta de samambaias gigantes, únicas no país.

Desde 1957, a Marinha do Brasil mantém presença permanente no local por meio do Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade (POIT), garantindo a soberania nacional e o direito de explorar uma vasta área marítima conhecida como “Amazônia Azul”, de cerca de 450 mil km².

O POIT é operado por 36 militares, que se revezam bimestralmente, garantindo apoio logístico e suporte à comunidade científica.

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Navio de Socorro Submarino “Guillobel” no apoio logístico e científico em Trindade – Imagem: 2ºSG-MEC Leal

As atividades de pesquisa na ilha são coordenadas pelo Programa de Pesquisas Científicas na Ilha da Trindade (PROTRINDADE), criado em 2007. Com a construção de uma estação científica em 2010, estudos nas áreas de meteorologia, geologia, biologia e oceanografia têm avançado, apoiados por universidades e institutos como o Museu Nacional, UFRJ e ICMBio.

Durante a 123ª Expedição Logística, em agosto de 2023, pesquisadores embarcaram no Navio de Socorro Submarino “Guillobel” para realizar estudos sobre regeneração da flora, controle de espécies invasoras e monitoramento de recifes. Um dos destaques é o projeto que avalia o impacto dos camundongos, espécie exótica dominante na ilha.

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Além das pesquisas, técnicos da Marinha e da Itaipu Binacional deram início ao planejamento de uma usina fotovoltaica, que substituirá os geradores a diesel até 2025, reduzindo impactos ambientais.

A expedição também contou com a presença de estudantes do Colégio Naval, que vivenciaram a rotina a bordo e as atividades científicas na ilha. Para eles, a experiência reforça a importância da Trindade para o país: um território de ciência, biodiversidade e soberania nacional.

Delimitação da área da futura usina fotovoltaica – Imagem: CT (EN) David


*Com informações de Agência Marinha de Notícias
 

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