A família da jornalista Adriana Catarina Ramos de Oliveira, de 61 anos, veio a público pedir desculpas após os ataques homofóbicos que ela protagonizou nos últimos dias em São Paulo. Em nota, as filhas da jornalista afirmaram que ela sofre há 20 anos de esquizofrenia e transtorno bipolar, e que os episódios são resultado de uma manifestação descontrolada das doenças.
Adriana foi presa no último sábado (14) após insultar um homem gay no shopping Iguatemi, na zona oeste da capital. No domingo (15), voltou a cometer agressões verbais, dessa vez contra três jovens homossexuais no prédio onde mora, em Higienópolis, bairro de classe alta na região central de São Paulo.
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Na manifestação enviada ao portal UOL, as filhas, que preferiram não se identificar, lamentaram profundamente os episódios. "Gostaríamos de expressar, com profunda tristeza e sinceridade, o quanto estamos abaladas com os acontecimentos recentes. Pedimos desculpas, do fundo do coração, às pessoas que foram atingidas e afetadas pelas ofensas proferidas", disseram.
Não compactuam com os atos
Elas reforçam que não compactuam "com qualquer ato de agressão ou preconceito" e explicam que, apesar de décadas de tratamento, os transtornos psiquiátricos da mãe, por vezes, se manifestam de forma imprevisível e descontrolada. Segundo elas, Adriana já passou por inúmeras internações e agora deverá ser submetida a novos cuidados médicos.
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“Nossa prioridade é garantir a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos. Estamos tomando providências junto aos profissionais de saúde para que novos episódios sejam evitados. Esperamos, sinceramente, que este esclarecimento possa, ao menos em parte, amenizar a dor causada”, conclui a nota.
Quem é a jornalista
A jornalista Adriana Ramos, de 61 anos, tem no currículo passagens por veículos como EPTV — afiliada da TV Globo em Campinas —, TV Cultura, Record, RIT TV e Globo São Paulo. Ela também atua atualmente na área de assessoria de imprensa, segundo informações das redes sociais.
Adriana foi repórter e apresentadora de telejornais regionais da Globo na cidade de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, entre as décadas de 1980 e 1990.
Relembre o caso
Às vésperas da 29ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, o Shopping Iguatemi, localizado na zona oeste da capital paulista, foi palco de uma agressão homofóbica. As informações são do G1.
Uma mulher foi flagrada por testemunhas discutindo com um homem e outras pessoas. Em determinado momento da confusão, ela passou a proferir ofensas como “bicha nojenta” e “assassino” contra o rapaz. A mulher foi presa em flagrante pelo crime de homofobia.
Agressora diz que se sentiu provocada e admite ofensas
Em entrevista à TV Globo, a mulher declarou que o homem e seus amigos teriam debochado dela. Ela relatou que estava ansiosa por conta de uma cirurgia no joelho e que reagiu de forma impulsiva, mas reconheceu o erro:
"Eu estava ao telefone, eu vou ser operada no dia 27 do joelho, vou colocar uma prótese [...]. Estou muito ansiosa, muito nervosa, comecei a chorar ao telefone. E esse grupo que estava ao lado começou a rir. Quando eles começaram a rir, eu desliguei o telefone, levantei o braço e pedi a conta. Falei 'por favor, traz a conta, eu quero ir embora'. [...] Eles estavam rindo de mim, falaram que eu tinha que ser anestesiada.[...] Aí, ele se manifestou, disse 'fala baixo', 'cala a boca'. [...)]. Houve aquela confusão na hora, eu chamei ele de 'boiola'. Xinguei mesmo. Ele já tinha me xingado de 'velha'. [...] Sim, me arrependo"
Vítima relata descontrole e insultos no local
O homem agredido relatou que a mulher estava visivelmente alterada e começou a gritar por atendimento em uma cafeteria do shopping. Ele tentou acalmar a situação, mas foi atacado verbalmente:
"A gente estava tomando um café. Era por volta de 3h30 da tarde. Uma senhora sentada na mesa do lado começou a pedir pela conta, descontrolada, falando bem alto 'eu quero minha conta', 'eu quero ir embora', 'eu quero minha conta', 'eu quero ir embora'. Ela pedindo insistentemente, falando bem alto [...] A moça fez um sinal de que já iria. Daí, intervi, falei 'calma, ela já virá, já deu o sinal'. Daí ela se descontrolou, começou a me atacar diretamente"
Shopping Iguatemi e SSP se posicionam
O Shopping Iguatemi divulgou nota lamentando o ocorrido e reforçando seu compromisso com a diversidade:
"O shopping lamenta a ocorrência entre os dois clientes em uma das suas operações, esclarece que prestou todo o apoio necessário e segue à disposição das autoridades competentes. O empreendimento reforça que o respeito à diversidade — em todas as suas formas — é um valor inegociável e repudia qualquer ato de discriminação e intolerância."
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) confirmou a prisão:
"Uma mulher de 61 anos foi presa em flagrante na tarde de sábado (14), em um shopping na Avenida Brigadeiro Faria Lima, zona sul da capital. Policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e, no local, constataram que a mulher havia proferido ofensas homofóbicas a um homem, de 39 anos."
Ela foi solta após audiência de custória e terá que cumprir medidas cautelares.
Após ser solta, ela voltou a proferir agressões, desta vez no condomínio onde morava: