A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, e não incluir o café na lista de quase 700 itens isentos, gerou reação imediata do setor cafeeiro nacional, que se manifestou nos últimos dias, por meio do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS). A medida pode representar um duro golpe para a balança comercial do agronegócio brasileiro.
O Cecafé se manifestou com firmeza, destacando a interdependência entre Brasil e EUA na cadeia global do café. Os cafés brasileiros representam mais de 30% do mercado norte-americano e os EUA são o destino de 16% das exportações do grão nacional, além de serem consumidos por 76% da população. Além disso, o café movimenta aproximadamente US$ 343 bilhões por ano nos EUA — o equivalente a 1,2% do PIB do país.
"O Cecafé manifesta que seguirá em tratativas com seus pares dos EUA, como a National Coffee Association (NCA), com o intuito de que o produto passe a integrar a lista de exceções elaborada pelo governo americano", diz a nota divulgada pelo Cecafé. "Diante da relevância do café aos consumidores e à economia norte-americana, entendemos que se faz necessária a revisão da decisão de taxar os cafés do Brasil", continua.
O Cecafé e a ABICS já abriram diálogo com a National Coffee Association (NCA), entidade parceira nos EUA, para pressionar o governo americano a rever a decisão e incluir o café brasileiro na lista de exceções à tarifa de 50%.
A ABICS alerta que o Brasil é o segundo maior fornecedor de café solúvel para os EUA, com mais de 25% do mercado, e que a nova tarifa prejudicará seriamente a competitividade brasileira frente a concorrentes como México, que exporta sem taxas, e outros países que enfrentarão tarifas menores, de 10% a 27%.
"Diante da ordem assinada pelo presidente Trump, o Brasil, entre os principais fornecedores do produto aos Estados Unidos, é o país que sofrerá a maior tarifa, o que deverá prejudicar sobremaneira a nossa competitividade", responde em nota a ABICS. "A ABICS está esperando que o diálogo e as negociações entre as duas nações resultem na isenção de tarifas para todos os cafés do Brasil, em suas formas in natura e industrializados. Cientes e na expectativa de que o bom senso impere, seguiremos trabalhando em sinergia para que possamos obter essa conquista a um setor tão importante ao Brasil", completam.
Ambas manifestações das instituições foram assinadas por seus respectivos representantes, como presidente do conselho do Cecafé, Márcio C. Ferreira, o diretor-geral do Cecafé, Marcos A. Matos, o presidente da ABICS, Fabio Sato, e o diretor-executivo da ABICS, Aguinaldo Lima.