40% dos pacientes graves de Covid na Prevent Senior morreram, diz órgão da prefeitura de SP

Dados apresentados por órgão ligado à secretaria municipal de Saúde à CPI na Câmara de SP desmentem os números divulgados pelo diretor da Prevent Senior na CPI do Senado

Sede da Prevent Sênior em São Paulo (Divulgação)
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Dados obtidos pela CPI da Prevent Senior na Câmara Municipal de São Paulo, nesta quinta-feira (14), apontam que 40% dos pacientes graves de Covid internados em hospitais da operadora de saúde em 2020 morreram.

Os números, apresentados por Luiz Artur Vieira Caldeira, coordenador da Covisa, órgão da Secretaria Municipal de Saúde, desmente aqueles divulgados pelo diretor da Pedro Batista, Pedro Batista, à CPI da Covid no Senado. Batista havia falado 22% dos pacientes graves de Covid internados em unidades de saúde da operadora morreram.

Os números se referem ao ano de 2020 e foram obtidos pela Covisa a partir do sistema Sivep-Gripe, banco de dados oficial de Síndrome Respiratória Aguda Grave.

Antonio Donato (PT), presidente da CPI na Câmara Municipal de São Paulo, disse estar "espantado" com a mortalidade de pacientes com Covid na Prevent Senior. Ele afirmou que "é uma linha de investigação da CPI que começa a andar".

Escândalo investigado

A Prevent Senior está sendo investigada, não só pela CPI do Senado e CPI da Câmara de SP, como pelo Ministério Público de São Paulo, com base em um dossiê feito médicos que trabalhavam junto à empresa, por realizar experimentos ilegais com os medicamentos do “tratamento precoce” sem o consentimento dessas pessoas, alterando prontuários e certidões de óbito.

Em um dos depoimentos mais contundentes dados à CPI do Senado, a advogada Bruna Morato, que defende os médicos denunciantes, deu detalhes sobre os procedimentos macabros adotados pela operadora de saúde em um suposto “pacto” com o governo Bolsonaro que teria por objetivo ocultar mortes por Covid-19, promover os remédios sem eficácia para iludir a população e, assim, dar sustentação à estratégia do governo contra o isolamento social.

Algumas famílias já vêm conseguindo junto à Justiça o direito de receber indenizações da Prevent Senior por casos de pacientes com Covid que foram submetidos ao “tratamento precoce”, sem consentimento, e que vieram a falecer.

Intervenção

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nomeou a diretora técnica Daniela Kinoshihta Ota para acompanhar a operadora de saúde Prevent Senior, que é investigada por ter usado pacientes como cobaias para o testar o chamado “Kit Covid”.

A medida, que foi publicada no Diário Oficial nesta quarta-feira (14), confirma o que o diretor-presidente da ANS, Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho, havia dito à CPI durante o seu discurso de abertura de que o órgão faria uma intervenção na Prevent Senior.

“Vamos só concluir um processo interno dentro da agência e vamos dar início à direção técnica, ou seja, enviando um diretor técnico que estará acompanhando os fluxos e processos dentro da operadora em questão”, disse.