"A sociedade custa a entender o que é racismo estrutural", diz Luiza Trajano sobre críticas a trainee para negros

Presidente do Magazine Luiza reforça que o programa tem respaldo legal e que não vai desistir

Luiza Trajano (foto: World Economic Forum)
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Alvo de críticas após anunciar que fará um trainee exclusivo para negros, a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração da Magazine Luiza, diz que já esperava ataques do tipo. Ela reforça, no entanto, que o programa tem respaldo legal e que não vai desistir.

"A gente não fez pra mudar o Brasil, mas para mudar a nossa empresa. A gente queria mudar uma realidade nossa. Dos mais de 2 mil trainees que selecionamos até hoje, só 10 foram negros. Tentamos mudar normal e não conseguimos. Acreditamos que as pessoas vão entrar juridicamente, mas a gente vai lutar e não vamos desistir tão fácil", disse, em entrevista à Folha de S.Paulo.

"Há anos temos vontade de recrutar mais trainees negros. O que a gente sente é que a sociedade custa a entender o que é o machismo estrutural e o racismo estrutural", completou.

No sábado (19), a juíza do Trabalho Ana Luiza Fischer Teixeira de Souza Mendonça afirmou nas redes sociais que a proposta fere o artigo 5º da Constituição Federal. Para ela, o programa é uma forma de "discriminação" contra pessoas brancas, algo que é popularmente conhecido - e ironizado - como "racismo reverso".

“Discriminação na contratação em razão da cor da pele: inadmissível”, escreveu ela na rede social. Os deputados federais bolsonaristas Carlos Jordy (PSL-SP) e Daniel Silveira (PSL-RJ) também disseram que a iniciativa não teria respaldo legal.

Em um comunicado explicando a decisão, a empresa de Luiza Trajano afirma que “o objetivo do Magalu com o programa é trazer mais diversidade racial para os cargos de liderança da companhia, recrutando universitários e recém-formados de todo Brasil, no início da vida profissional”. Atualmente, a empresa tem em seu quadro de funcionários 53% de pretos e pardos - apenas 16% deles, no entanto, ocupam cargos de liderança.