Além de Bia Kicis, Eduardo Bolsonaro também se encontra com deputada alemã de partido neonazista

O Alternative für Deutschland, partido de Beatrix von Storch, é investigado pela inteligência alemã por violações da ordem democrática

Eduardo Bolsonaro em reunião com Beatrix von Storch, do partido de extrema-direita alemão (Reprodução)
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Não foi só a deputada Bia Kicis (PSL-DF) que se encontrou, nesta terça-feira (22), com a deputada alemã Beatrix von Storch. Seu correligionário, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), também esteve em uma reunião com a europeia.

"Excelente encontro com a Dep. Fed. alemã @Beatrix_vStorch , que também é vice-presidente do partido Alternativa Para Alemanha. Somos unidos por ideais de defesa da família, proteção das fronteiras e cultura nacional", escreveu o filho do presidente ao divulgar o encontro.

Storch é vice-líder do Alternative für Deutschland (em português, Alternativa para a Alemanha), partido de extrema-direita com ligações com neonazistas.

A legenda prega discursos xenófobos e contra a imigração. Além disso, defende ideias negacionistas em meio à pandemia.

O AfD, inclusive, é investigado pela agência de inteligência Alemã. Segundo as autoridades, a legenda cometeu violações da ordem democrática e atentados aos valores constitucionais do país europeu.

Coincidentemente, nesta quinta-feira (22), foi publicada uma decisão judicial negando pedido de Eduardo Bolsonaro de indenização por danos morais no âmbito de um processo que ele moveu contra um filósofo após ser chamado de "neonazista".

“Amiguinhos do Bolsonaro”

Em março, quando o assessor especial de assuntos internacionais de Bolsonaro, Filipe Martins, fez um gesto supremacista no Senado, o jornalista alemão Niklas Franzen concedeu entrevista à Fórum em que apontou as ligações do bolsonarismo com o AfD e as semelhanças entre a extrema-direita brasileira e a alemã.

“Nós temos aqui um partido no parlamento o AFD, são ‘amiguinhos’ do Bolsonaro, há várias conexões entre o governo Bolsonaro e esse partido”, relatou.

“Quando a gente discute sobre a extrema-direita, a gente tem que levar em conta que é uma tendência global. Mesmo com o fato de que a Alemanha tem leis mais rígidas [para coibir manifestações da extrema-direita], nós temos um movimento muito forte de neonazismo e especialmente de terrorismo neonazista”, revelou ainda.

Ascendência nazista

O fato de Bia Kicis e Eduardo Bolsonaro terem se encontrado com uma deputada de um partido ligado ao neonazismo gerou reações imediatas nas redes sociais.

A página oficial do Museu do Holocausto no Brasil, por exemplo, não só expôs os valores antidemocráticos do AfD, como também revelou a ascendência nazista de Beatrix von Storch.

“E Beatrix von Storch, quem seria? Vice-líder do partido, famosa por tweets xenofóbicos e neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, ministro nazista das Finanças e um dos poucos membros do gabinete do Terceiro Reich a servir continuamente desde a nomeação de Hitler como chanceler”, diz postagem do museu.

“É evidente a preocupação e a inquietude que esta aproximação entre tal figura parlamentar brasileira e Beatrix von Storch representam para os esforços de construção de uma memória coletiva do Holocausto no Brasil e para nossa própria democracia”, continua.

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