Alunos do Mackenzie (SP) relatam racismo dentro da universidade

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Um aluno negro e seu irmão que queria conhecer a universidade teriam sido intimidados por seguranças que, de acordo com os estudantes, não agem desta maneira com alunos brancos. Diretório acadêmico divulgou nota de repúdio  Por Redação  Alunos da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo denunciaram, esta semana, um ato de racismo que teria acontecido dentro da universidade. A denúncia foi feita pelo Coletivo Negro Afromack em sua página no Facebook. De acordo com o coletivo, um aluno negro do Centro de Comunicação e Letras (CCL) levou seu irmão, na semana passada, para conhecer a universidade - hábito comum entre os estudantes. Logo na entrada, foram barrados por seguranças. Depois de alguma insistência, conseguiram entrar no campus, mas foram sendo acompanhados de longe por seguranças. Ao chegarem no prédio onde fica o diretório acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, foram abordados por mais dois seguranças, que pediram a identificação do irmão do estudante - pela segunda vez, já que ele já havia apresentado seus documentos na entrada. Advertido pelo segurança de que ele seria o "responsável pelas atitudes", o aluno subiu com o irmão para o diretório acadêmico. Ao retornarem, havia uma quantidade desproporcional de seguranças os aguardando, segundo consta na denúncia do coletivo. "O que mais nos consterna, é o fato de que não vemos a mesma implicação por parte do setor de segurança para com visitantes brancos. Fato que evidencia o racismo presente dentro da Instituição, onde sempre há um inimigo a ser perseguido e este é construído sob um olhar subjetivo, onde o perfil da ameaça é sempre marcado pelo fenótipo", diz a nota dos estudantes. O diretório acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo divulgou nota repudiando o caso. A Universidade, por sua vez, ainda não se pronunciou. Confira, abaixo, a íntegra da denúncia dos estudantes e, na sequência, a nota de repúdio do diretório acadêmico. Nota do coletivo  Na última quinta-feira, dia 17, entre as 14h e 15h, ocorreu mais um ato racista dentro dos muros da UPM. Um aluno, membro do coletivo Afromack, trouxe seu irmão à universidade no intuito de mostrar o campus, uma vez que este tinha o interesse em ingressar no Mackenzie no futuro. Ainda na portaria, a entrada foi negada, sendo necessário justificar o motivo da sua presença ali. Após insistência e justificando que não havia motivo para alarde – uma vez que era apenas um familiarquerendo entrar e que essa situação era absolutamente comum – a entrada foi autorizada. Ambos se dirigiram ao DAFAM (Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie), sendo acompanhados de longe por diversos seguranças. Ao adentrarem no diretório, um segurança solicitou novamente a identificação do aluno – alegando que este passaria a ser responsável pelas atitudes do visitante nas dependências da UPM – além de ressaltar diversas vezes que é vedada a entrada de terceiros em qualquer prédio da instituição. Ao saírem, uma quantidade totalmente desproporcional de seguranças aguardava-os na entrada do diretório, continuando a observá-los nos ambientes externos do campus até a saída de ambos. Houve ainda, o comentário do segurança para com um aluno da arquitetura, dizendo que estava fazendo aquilo para segurança deste (aluno branco). O que mais nos consterna, é o fato de que não vemos a mesma implicação por parte do setor de segurança para com visitantes brancos. Fato que evidencia o racismo presente dentro da Instituição, onde sempre há um inimigo a ser perseguido e este é construído sob um olhar subjetivo, onde o perfil da ameaça é sempre marcado pelo fenótipo. A catraca é nossa barreira concreta, mas para além dela, existem diversas barreiras invisíveis. No campo do imaginário e do constructo social, estas encontram dentro deste espaço um potencializador – uma comunidade majoritariamente branca e elitizada. Os alunos desse movimento entendem que o ambiente universitário deve lhes dar um sentimento de pertencimento. De se agregar naquele que tem de ser o lugar de troca de ideias, intervenções e da promoção à pluralidade, às diferenças e à inserção. Em conformidade, inclusive, com os princípios morais e éticos contidos no Regimento Geral da UPM, sobretudo no art. 1º parágrafo único e art. 3º e incisos. Contudo, este sentimento nos é negado cotidianamente devido ao histórico de atos contra os nossos – pichações nos banheiros, piadas e constante reafirmação de estereótipos dentro e fora das salas de aula. Sendo assim, o Coletivo Negro Afromack deixa explícito a sua total repulsa à conduta tomada pelos seguranças da instituição e rechaça toda e qualquer forma de discriminação dentro e fora do campus da UPM. Nota do Diretório Acadêmico  São Paulo, 21 de Agosto de 2017 À comunidade acadêmica da Universidade Presbiteriana Mackenzie e à sociedade civil, O DAFAM – Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie - pretende, por meio deste documento, tornar pública a sua posição em relação à atuação dos seguranças da Universidade Presbiteriana Mackenzie, durante a tarde do dia 17 de Agosto de 2017.
Cinco seguranças da UPM solicitaram que um visitante, acompanhado de seu irmão, estudante do CCL – Centro de Comunicação e Letras, se retirasse das dependências do Diretório. Os alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo + Design do Mackenzie e a secretária do DAFAM, presentes no ocorrido, relataram que a justificativa para a retirada dos visitantes seria a de “proteger os demais alunos”. É de entendimento dos presentes que os seguranças intimidaram e constrangeram os meninos, evidenciando o despreparo e a política opressora com que a segurança da Universidade aborda diariamente visitantes e alunos negros. O Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie repudia esta e qualquer forma de preconceito, defendendo os direitos fundamentais das pessoas sem distinção de raça, cor, gênero, posição social, religião, partido político, ideologia e nacionalidade. São por esse valores que defendemos um Diretório democrático, onde todas e todos possam se sentir acolhidos, independente de ser estudante da UPM. Sendo assim, o DAFAM, o corpo discente da FAU Mackenzie e o Coletivo Negro AfroMack aguardam o posicionamento da Universidade em relação ao ocorrido e a divulgação das devidas medidas a serem tomadas. Atenciosamente, Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie Gestão Através 2017