Após chamar judeus de "massa de rebanho" e ser desmentida pelo Einsten, Nise Yamaguchi diz que não é antissemita

Médica mandou sua "assessoria jurídica" produzir uma nota oficial de retratação; ela foi afastada do hospital Albert Einsten após fazer "analogia infeliz" entre o holocausto e a pandemia, mas disse que afastamento era por sua defesa da cloroquina

Foto: Unesp
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A médica Nise Yamaguchi, que foi afastada do Hospital Albert Einstein por uma declaração considerada "infeliz e infundada", em que comparava o pânico causado pela pandemia à forma como os nazistas tratavam os judeus no holocausto, usou sua "assessoria jurídica" neste domingo (12) para produzir uma nota de retratação em que afirma que não é antissemita.

Ferrenha defensora da cloroquina, Nise, que chegou a ser cotada por Jair Bolsonaro para o Ministério da Saúde após a saída de Nelson Teich, havia informado ao jornal SBT Brasil, na última sexta-feira (10), que a direção do Albert Einstein decidiu afastá-la pela defesa que faz da substância, cujo uso contra o coronavírus foi desautorizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O hospital israelita, no entanto, rebateu com uma nota informando que o real afastamento da médica se deve ao fato de ela ter afirmado que judeus eram "massa de rebanho", em uma comparação entre o holocausto e a pandemia.

"Você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela MASSA DE REBANHO de judeus famintos se não os submetessem diariamente a humilhações, humilhações, humilhações", havia afirmado Nise.

Com o desmentido à tona e a péssima repercussão de sua declaração sobre os judeus, Nise submeteu a nota assinada por sua assessoria jurídica à imprensa em que pede desculpas pela colocação "errônea".

Confira a íntegra da nota.

"Dra. Nise Yamaguchi, por meio de sua assessoria jurídica, manifesta este esclarecimento:

Vem agradecer as inúmeras manifestações de apoio e solidariedade de todos aqueles que compreendem a importância da discussão da Hidroxicloroquina em tratamento precoce do COVID – 19, tendo exercido esse mister conjuntamente com o Doutor Vladimir Zelenko da Comunidade Chassidica de Nova York pela utilização de seu protocolo no Mundo.

Têm orgulho de ser membro do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein por mais de 30 (trinta) anos, possibilitando ajudar e atender inúmeros pacientes. Agradece de forma especial todo o apoio por cartas, e-mails e ligações de diversos membros da Comunidade Judaica, que compreenderam que jamais seria ela anti-semita, já que foi ela a maior apoiadora do processo de conversão da sua irmã para o Judaísmo (Greice Naomi Yamaguchi).

Homenageia os brilhantes cientistas judeus na pessoa do seu mentor, o Professor Doutor Reuben Lotan (Z”L) do M.D. Anderson Cancer Center e previamente do Instituto Weizmann de Israel, que muito a apoiou na sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo.

Por tudo aqui já relatado, é cristalino o entendimento de que nunca foi ela antisemita, ao contrário, expressa verdadeira e irrestrita admiração ao conhecimento e toda a contribuição que o povo judeu deu ao planeta, quer por suas percepções cientificas, quer pela sua convivência mais íntima.

Por fim, manifesta o pedido de desculpas por expressões outras e interpretações errôneas sobre assuntos sensíveis ao grande sofrimento judaico que envolveram seu nome, pois é solidária à dor dessa ilustre comunidade como a maior das atrocidades de nossa história ocidental.

Suas palavras, objeto de interpretações não condizentes com suas convicções, foram manifestadas no intuito de expressar a maior dor que ela conhece."