Após chorar, golpista Sérgio Reis decide dar entrevista à bolsonarista Leda Nagle

Sertanejo, após se tornar alvo de investigação da polícia e representação na PGR por ameaçar invadir o STF, tenta agora mudar o discurso em lives e entrevistas

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O cantor Sérgio Reis, nos últimos dias, vem tentando mudar o discurso golpista que proferiu em um áudio vazado no último sábado (14).

Não à toa. O sertanejo, por dizer que iria invadir o Supremo Tribunal Federal (STF) e retirar os ministros da lá "na marra", passou a ser alvo de investigação da polícia e também de representação de 29 sub-procuradores-gerais da República.

A valentia observada na gravação vazada, então, deu lugar a uma postura de alguém "abalado" e que se coloca no lugar de uma pessoa que está tentando "ajudar" o país. Isso vem sendo feito através de lives nas redes sociais e em entrevistas.

Após chorar durante transmissão ao vivo no canal do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, que cumpre prisão domiciliar, Sérgio Reis dará entrevista, na noite desta quarta-feira (18), para a apresentadora, também bolsonarista, Leda Nagle.

Leda se "notabilizou", nos últimos anos, por guinar radicamente ao bolsonarismo e ser uma das principais "referências" entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

Inquérito

O Departamento de Combate à Corrupção (Decor) da Polícia Civil do Distrito Federal abriu inquérito para investigar o cantor Sérgio Reis por conta das ameaças que fez ao STF. A previsão é de que o sertanejo seja intimado a depor nos próximos dias.

Na quinta-feira (12), Reis teve um encontro com empresários do agronegócio e caminhoneiros em que debateu a organização de uma manifestação contra o Supremo Tribunal Federal (STF), em defesa de Bolsonaro e pelo voto impresso, programada para o dia 7 de setembro.

“Nós vamos parar 72 horas. Se não fizer nada, nas próximas 72 horas ninguém anda no país. Vai parar tudo. Não é só Brasília, é o país”, disse o cantor na reunião.

“Nada nunca foi igual ao que vai acontecer. Se eles [os ministros do STF] não atenderem ao nosso pedido, a cobra vai fumar”, afirmou ainda.

O cantor bolsonarista também estaria por trás de um plano golpista: ele pretendia dar um “ultimato” ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmando que vai invadir o prédio da corte suprema, “quebrar tudo” e retirar os ministros de lá “na marra”.

“Vou dizer ao presidente do Senado que eles têm 72 horas para aprovar o voto impresso e tirar todos os ministros do STF. Isso não é um pedido, é uma ordem”, afirmou.

Em um áudio que vazou nas redes sociais, ele conta a uma pessoa identificada como Marcelo que empresários do soja estariam financiando uma mobilização de bolsonaristas em Brasília em prol do voto impresso, proposta defendida por Jair Bolsonaro e que foi, recentemente, derrotada na Câmara.

Com isso, Reis será investigado por suposta associação criminosa voltada à prática dos crimes previstos nos artigos 129 (ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem), 147 (ameaçar alguém, por palavra, escrita ou gesto), 163 (dano ao patrimônio) e 262 (expor a perigo meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento) do Código Penal.

Representação

Os planos golpistas de Sérgio Reis fizeram com que 29 subprocuradores-gerais da República entrassem com uma representação na PGR do Distrito Federal para investigá-lo sob a acusação de subversão e incitação ao crime. No documento, as autoridades do Ministério Público Federal afirmam que as ameaças do intérprete de Pinga Ni Mim podem configurar crimes de incitação à subversão da ordem pública e incitação ao crime, uma vez que o sertanejo ameaçou impedir a livre circulação dos cidadãos e interromper o funcionamento de rodovias, portos e aeroportos do país.

“Diante dos graves acontecimentos que têm marcado a história recente do país, em particular as frequentes ameaças de ruptura institucional e de desrespeito à independência dos poderes e de seus integrantes, solicitamos a Vossa Excelência a distribuição desta representação a um dos membros oficiantes na área criminal, com vistas à adoção das providências que forem entendidas cabíveis”, dizem os subprocuradores na representação encaminhada ao coordenador criminal da PGR-DF, Carlos Henrique Martins Lima.

Reis, que no áudio afirmava estar coordenando uma ação em conjunto com produtores de soja, organizações de motoristas de caminhões, oficiais generais das Forças Armadas e o próprio presidente da República já foi desautorizado por líderes ruralistas, sindicatos de caminhoneiros e até mesmo pelo ministro da Defesa, Braga Netto.

Na segunda-feira (16), o cantor apareceu chorando e se dizendo mal interpretado durante uma live na qual foi entrevistado por um blogueiro bolsonarista radical. A esposa dele também já havia dito que o ex-parlamentar, que deve R$ 640 mil à União, andava deprimido após o episódio que revelou seus intentos golpistas.

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