Após novas denúncias, Moro cancela audiência na Câmara dos Deputados

Ministério já havia anunciado no meio da semana que ministro estaria nos EUA até após data agendada para prestar esclarecimentos sobre a Vaza Jato

Foto: Pedro França/Agência Senado
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O ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, cancelou oficialmente neste domingo a participação em audiência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados para prestar esclarecimento sobre as denúncias expostas pela Vaza Jato. O cancelamento ocorre após a divulgação de novos diálogos entre Moro e Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal) que revelaram que MPF e PF (Polícia Federal) se uniram para blindar o juiz federal contra Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo. Nas mensagens, Dallagnol se compromete a defender Moro após a divulgação de planilhas obtidas na sede da Odebrecht com nomes de parlamentares e propinas pagas a eles -- o que colocaria o juiz federal em choque com o STF (Supremo Tribunal Federal) por causa do foro privilegiado de políticos listados. Ainda nas mensagens divulgadas neste domingo (23), Moro se refere aos membros do MBL (Movimento Brasil Livre) como “aqueles tontos do MBL” ao comentar uma ação de apoio do grupo ao juiz e a operação Lava Jato. Segundo reportagem do jornal O Globo, o ministro limitou-se a comunicar por meio de sua assessoria que não poderia comparecer. Segundo a agência Estadão Contúdo, a vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Bia Kicis (PSL-DF) afirma que a audiência com Moro deve ser remarcada para o dia 2 ou 3 de julho. Moro marcou as audiências no Senado e na Câmara assim que o caso veio à tona com o objetivo de enfraquecer as iniciativas da oposição de propor uma CPI sobre o caso. Na sexta-feira (21), antes mesmo das últimas denúncias, o ministério já havia divulgado a agenda de Moro nos EUA, informado que o ministro voltaria somente no dia 27, depois, portanto da data agendada com a Câmara dos Deputados. Sabatina no Senado Neste domingo o ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da assessoria de imprensa, se manifestou a respeito dos novos diálogos revelados pelo site The Intercept em parceria com o jornal Folha de S.Paulo, que atestou a integridade do material apresentado pela equipe de Glenn Greenwald nas últimas semanas. Na nota, Moro “não confirma a autenticidade de mensagens obtidas de forma criminosa e que podem ter sido editadas ou adulteradas total ou parcialmente”. O texto afirma ainda que “Causa revolta que se tente construir um enredo com mensagens, cuja autenticidade não se pode reconhecer, a partir de fatos que envolvem um processo judicial público e que só atestam a correção e isenção com que o ministro atuou enquanto juiz federal na Operação Lava Jato”, e que “Ressalta-se que a invasão criminosa de celulares de autoridades públicas é objeto de investigação pela Polícia Federal”. A nota divulgada pela assessoria de imprensa do ministério faz eco às respostas dadas por Moro na sabatina realizada na última quarta-feira (19) na CCJ do Senado. Entre as questões de apoiadores e opositores do governo, Moro repetiu à exaustão o que é afirmado na nota deste domingo, sobretudo questionando a autenticidade das mensagens e tentando minar a credibilidade do site que as havia divulgado.