Ativistas lamentam partida de navio com mais de 25 mil bois do Porto de Santos

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Grupo acompanhou o desfecho do impasse que reteve a embarcação no país desde o dia 1 de fevereiro. Da Redação* Os ativistas que acompanhavam desde o início o embarque das mais de 25 mil cabeças de gado no navio “Nada”, que estava atracado no Porto de Santos, assistiram no início da madrugada desta segunda-feira (5) a partida da embarcação que transportará os bois até a Turquia. O grupo, que luta pelos direitos dos animais e alegava que os bois sofriam maus tratos a bordo do navio, afirma que a luta continua.

O navio com 25 mil cabeças de gado a bordo recebeu autorização para deixar o Porto de Santos, no litoral de São Paulo, após determinação da Justiça Federal na noite deste domingo. A decisão de urgência atendeu a um recurso da Advocacia-Geral da União (AGU), que intercedeu no caso a pedido do Governo Federal.

Por volta de 00h30 dois rebocadores se aproximaram do navio “Nada” e deram início à manobra de desatracação. Vinte minutos depois o navio deixou o Porto de Santos com destino à Turquia.

Um grupo de ativistas, que lutava para que os bois fossem desembarcados e voltassem para as fazendas de origem, no interior de São Paulo, acompanhou a partida do “Nada”. “Fizemos vigília para mostrar para as pessoas o que estava acontecendo. Foram semanas de luto e agora estamos de luto”, conta a veterinária Amanda Corrochano.

Segundo a ativista, estava claro que os bois sofriam maus tratos. “Presenciamos e registramos os maus tratos, mas nada foi o bastante para que isso fosse impedido. O Porto de Santos não fazia isso há muitos anos e, por causa da ganancia, voltou a ser feito. A luta continua”, declara. Entre 26 e 31 de janeiro, o cais do Ecoporto, na Margem Direita do complexo portuário, recebeu os bois que eram criados em fazendas no interior paulista, distantes 500 quilômetros do litoral. Os animais foram comprados pela Turquia e o embarque no navio “Nada”, o maior do tipo no mundo, teve que ser suspenso por ordem judicial.

Trata-se da segunda operação com carga viva no cais santista após 20 anos. Ativistas ligados à proteção animal alegam que os bois são vítimas de maus tratos. A prefeitura multou a empresa responsável pelos bovinos, em R$ 1,5 milhão, com essa mesma justificativa e, depois, em R$ 2 milhões, por poluição ambiental.

O ministro da Agricultura, Blairo Borges Maggi, diz que foi surpreendido com as decisões judiciais. Determinou-se a suspensão do embarque, o desembarque daqueles animais já a bordo e a inspeção sanitária no navio. Na vistoria, o laudo da Vigilância Agropecuária afastou maus tratos e atestou as boas condições sanitárias do navio.

“Nesse episódio, entrou um fator novo de questionamento que é o bem-estar animal. Eu garanto que não há maus tratos. O ministério tem um setor muito rigoroso nessa questão, que não deixa passar nada de errado”, explicou. Para ele, o impasse tomou caráter ideológico, afastando a avaliação técnica e legal da operação.

Durante a manhã de domingo, o vice-líder do governo na Câmara, deputado federal Beto Mansur (PRB-SP), a pedido do presidente Temer, ainda segundo o ministro, fez uma vistoria na embarcação. O parlamentar foi hostilizado pelos ativistas ao afirmar que não verificou sinais de maus tratos, apesar de encontrar animais sujos.

A Minerva Foods, empresa responsável pela exportação do gado, por meio da assessoria de imprensa, informou que a exportação de bois vivos “é uma atividade regulamentada” e ressalta que, em seu processo, “o manejo do gado segue todos os procedimentos adequados para preservar o bem-estar”. A empresa não comentou sobre as penalidades aplicadas. *Com informações do G1 Foto: Fábio Mello Fontes/Arquivo Pessoal