Autor de assassinato homofóbico na Paulista diz que estava brincando

Homem que matou o cabeleireiro Plínio Henrique de Almeida Lima disse que "fez uma brincadeira" quando disparou ofensas homofóbicas à vítima e seu marido

Foto: Reprodução
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O cozinheiro Fúvio Rodrigues de Matos foi preso e confessou ter assassinado o cabeleireiro Plínio Henrique de Almeida Lima, na última sexta-feira (21), na Avenida Paulista com a Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo. O autor do crime disse à Polícia que fez "uma brincadeira" com a vítima, seu marido e mais um casal de amigos. De acordo com o delegado Hamilton Costa Benfica, do 78º Distrito Policial (DP), nos Jardins, "Fúvio disse que subia com um colega de trabalho a [Avenida] Brigadeiro, fez uma brincadeira quando uma pequena chuva começou, e nessa brincadeira [disse]: 'anda que nem homem'. Os rapazes que também subiam à [Avenida] Paulista, o casal homossexual, com outros dois colegas, ali eles teriam ouvido essa frase e começou um desentendimento". O marido de Plinio e os dois amigos "falam com muita clareza que o tempo todo Fúvio vinha falando frases de cunho homofóbico, provocando, falando frases bem fortes, tipo: 'seus bichinhas etc', e no final falou ainda: 'gays têm de morrer'. E foi o momento do entrevero entre as partes, e que Fúvio acabou desferindo com canivete, ferindo o peito da vítima". O canivete que matou Plinio foi apreendido com o autor do assassinato. A Justiça decretou a prisão temporária de 30 dias do investigado, que deverá ser indiciado pela polícia por homicídio qualificado por motivo fútil. Para a polícia, o cozinheiro teve a intenção de matar o cabeleireiro pelo fato de ele ser homossexual. Segundo a investigação, testemunhas contaram que a vítima, o marido dela e um casal de amigos gays foram vítimas de xingamentos homofóbicos. "É um homicídio no meu entender de forma qualificada porque a questão homofóbica é o motivo fútil", disse. "Uma pena muito alta: 12 a 30 anos, que é justificada por tirar a vida de uma pessoa por um fato tão banal". Homofobia mata Relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade que levanta dados sobre assassinatos da população LGBT no Brasil há mais de 30 anos, mostrou que em 2017, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) foram mortos em crimes motivados por homofobia. O número representa uma vítima a cada 19 horas. O estado com maior registro de crimes de ódio contra a população LGBT foi São Paulo (59), seguido de Minas Gerais (43), Bahia (35), Ceará (30), Rio de Janeiro (29), Pernambuco (27) e Paraná e Alagoas (23). Os dados de 2017 representam um aumento de 30% em relação a 2016, quando foram registrados 343 casos. Em 2015 foram 319 LGBTs assassinados, contra 320 em 2014 e 314 em 2013. Ainda não foram divulgados os números de 2018.