Bolsonaristas intimidam padre que criticava presidente em Fortaleza

Uma mulher parou o carro em frente ao templo e pediu a prisão de “comunistas que estavam na igreja”

Padre Lino - Foto: Reprodução
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Um grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro hostilizou, neste domingo (18), o padre Lino Allegri, da Paróquia da Paz, no bairro da Aldeota, em Fortaleza (CE). O assédio bolsonarista ao sacerdote foi motivado por críticas que ele fez ao presidente, de acordo com reportagem de Filipe Pereira, em O Povo.

Para intimidar o padre, que lembrou os mais de 500 mil mortos pela pandemia da Covid-19 no país, os bolsonaristas lotaram a missa das 8 horas da manhã.

Uma mulher que dirigia seu carro parou próximo às viaturas da Polícia Militar (PM), que estavam em frente à igreja, e pediu a prisão de “comunistas que estavam na igreja”.

No interior do templo, algumas pessoas vestiam camisas com as escritas “Bolsonaro 17”. Já outros, usavam camisetas da seleção brasileira com as cores da bandeira do Brasil.

O episódio atraiu a presença do coronel Ricardo Bezerra, crítico do padre Lino Allegri, que é italiano.

“Esse negócio da doutrina dos oprimidos, isso tudo não é para ser praticado aqui. Ele ainda está desrespeitando as autoridades constituídas da nação. O padre peca com isso. Vai perder muitos fiéis se continuar nessa linha", declarou o militar.

Em função das ações de intimidação contra o padre, a paróquia não realizou a celebração no comando de Lino Allegri. A missa ficou a cargo do padre Francisco Sales de Sousa.

Afastamento

Allegri foi orientado a se afastar, depois de decisão do bispo auxiliar, Dom Valdemir Vicente.

Aos 56 anos de sacerdócio, Allegri deverá solicitar o ingresso no Programa Estadual de Proteção aos Defensores e Defensoras de Direitos Humanos (PPDDH).