Caso Evaldo: Justiça militar volta a adiar julgamento dos acusados

Retomada ocorrerá somente quando advogado dos oficiais for vacinado com 2 doses contra a Covid-19

Evaldo dos Santos Rosa | Foto: Reprodução
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A Justiça Militar voltou a adiar o julgamento dos militares acusados de terem disparado mais de 250 tiros contra o músico Evaldo dos Santos Rosa, em abril de 2019, em Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro. Além de Evaldo, o catador de materiais recicláveis Luciano Macedo, que tentou ajudar o músico, também acabou sendo morto na ocasião. A sessão prevista para quarta-feira (7), ocorrerá apenas em agosto.

A juíza Mariana Queiroz Aquino, da 1ª Audiotira da 1ª Circunscrição Judiciária Militar (CJM), acolheu um pedido de adiamento do advogado dos militares, Paulo Henrique Pinto de Mello, e definiu a nova data apenas para 15 de agosto, quando Mello estará totalmente imunizado contra a Covid-19.

De acordo com a juíza, o advogado alegou ser do grupo de risco para a Covid-19, estar em tratamento fonoaudiólogo em decorrência de sequelas deixadas pela doença, além de não ter tomado ainda a segunda dose da vacina.

Antes dos dois adiamentos, o juízo estava marcado para o dia 7 de abril, data em que os assassinatos completaram 2 anos. Os familiares de Evaldo e Luciano seguem na espera.

Chama atenção o tratamento dado ao caso quando comparado com situações recentes, em que advogados foram expostos ao júri mesmo internados com Covid-19.

Relembre o caso

Em abril de 2019, Evaldo dirigia um carro onde levava a esposa, Luciana Nogueira, o filho de 7 anos, o sogro e uma amiga para um chá de bebê. No bairro de Guadalupe, o carro foi alvo dos fuzis e das pistolas dos militares. Evaldo e Luciano morreram na hora.

Laudo realizado à época revelou que cerca de 257 disparos foram realizados contra o carro. O Ministério Público Militar pediu a prisão de 8 dos 12 envolvido. Em sua alegação final, o MPM afirma ter comprovado 82 tiros e deixa claro que houve dificuldade para comprovar quantos tiros foram disparados por cada militar envolvido na ação.

Evaldo levou oito tiros nas costas.

“Assim agindo, mataram, com 82 disparos (!!!), um músico que estava desfalecido dentro de seu carro e cuja esposa e filho de 7 anos tinham acabado de sair correndo para pedir ajuda, feriram um idoso e feriram mortalmente um catador de recicláveis que apenas se aproximou do veículo para prestar ajuda atendendo aos gritos de socorro da esposa de um homem inconsciente”, diz trecho da manifestação do MPM.