Citada por Queiroga, câmara técnica já se manifestou a favor de vacinação em crianças

Ministro da Saúde, como forma de retardar imunização infantil contra a Covid, afirmou que quer ouvir grupo de especialistas que já se posicionou duas vezes sobre o assunto

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI), grupo composto por especialistas instituido em agosto para ajudar o governo na elaboração de políticas de combate ao coronavírus, já se manifestou a favor da vacinação de crianças de 5 a 11 anos, liberada na última quinta-feira (16) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Neste sábado (18), ao afirmar que a decisão final sobre a vacinação infantil será tomada após consulta pública, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que a questão passará por análise desta câmara técnica. Ele não mencionou, entretanto, que já há consenso neste grupo com relação ao tema.

A primeira manifestação deste grupo, que envolve a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre outras entidades, foi feita em outubro. À época, os especialistas recomendaram a vacinação infantil ao Ministério da Saúde, já indicando a necessidade de garantir doses de imunizantes para 2022.

O segundo posicionamento da Câmara Técnica foi firmado nesta sexta-feira (17), após da vacinação em crianças por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e as manifestações do governo Bolsoanaro contra a medida.

"Até o momento, os dados disponibilizados apontam para a manutenção da avaliação favorável à vacinação dessas crianças. [...] Ou seja, os benefícios são muito maiores do que os riscos, pilar central de avaliação de qualquer vacina incorporada pelos diversos programas de vacinação, seja no Brasil ou no mundo", diz um trecho da nota da CTAI, elaborada após reunião de especialistas e decisão unânime.

Confira a íntegra do posicionamento

Anvisa reage ao negacionismo

Em nota divulgada na sexta-feira (18), após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que pediu "lista" de técnicos que se posicionaram a favor da vacinação em crianças, a Anvisa afirmou que seu trabalho “é pautado na ciência e oferece ao Ministério da Saúde, o Gestor do Plano Nacional de Imunização – PNI, opções seguras, eficazes e de qualidade”. “Em outubro do corrente ano, após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta Agência Nacional se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento”, disse a entidade.

“A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão”, apontou.