Com aval de ruralistas na Câmara, governo Bolsonaro libera mais 63 agrotóxicos e número chega a 325

Uma das substâncias liberadas é o dinotefuram, considerado medianamente tóxico pela Anvisa. Seu uso é proibido na União Europeia e passa por reavaliação nos EUA

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O Ministério da Agricultura, de Tereza Cristina, liberou o registro de mais 63 agrotóxicos nesta terça-feira (17). Com as novas liberações, o total de agrotóxicos registrados em 2019 chega a 325, superando o volume do mesmo período de 2018, quando houve 309. Facilidade em aprovar tais substâncias vem da subcomissão responsável por debater os registros e liberações na Câmara, formada quase totalmente por deputados da bancada ruralista. Se você curte o jornalismo da Fórum clique aqui. Em breve, você terá novidades que vão te colocar numa rede em que ninguém solta a mão de ninguém Dos onze parlamentares que integram o grupo, nove são da frente agropecuária. Um deles é presidente do grupo, deputado José Mário Schreiner (DEM-GO), que afirmou que a subcomissão tem a responsabilidade de promover “uma discussão equilibrada” sobre o tema. De acordo com a coluna de Mônica Bergamo, publicada nesta segunda-feira (16) na Folha de S.Paulo, deputados da oposição avaliam que a predominância de ruralistas gera pressão por maior liberação de agrotóxicos. Entre as novidades estão os princípios ativos fluopiram, que é usado para matar fungos, e o dinotefuram, um inseticida. Este último é utilizado no controle de insetos sugadores, como percevejos. Ele poderá ser aplicado em 16 atividades, como arroz, aveia, batata, café, cana-de-açúcar e centeio.

Ainda, o dinotefuram é considerado medianamente tóxico pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O pesticida não é autorizado para uso na União Europeia e está em reavaliação nos Estados Unidos, onde é utilizado desde 1985.

O ritmo de liberação deste ano segue sendo o mais alto da série histórica do ministério, iniciada em 2005. “O debate ideológico prejudica a chegada de produtos mais modernos e menos agressivos”, afirmou Schreiner, que diz não gostar da palavra “agrotóxicos”. Ele se refere a esses produtos como “remédio para plantas”.