Com Bolsonaro, 75% dos brasileiros deixaram de comer picanha, diz pesquisa

Atualmente, apenas 1% da população consome filé mignon. O consumo de picanha e salmão não chega nem a 1%. Mais de 60% começaram a fazer bicos para pagar as contas do mês, mostra estudo.

Bolsonaro, que debocha de quem pede aumento do auxílio emergencial, ostenta com picanha de R$1800 o quilo em churrasco de Dia das Mães (Reprodução)
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O derretimento da economia com a política neoliberal de Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PL), está mexendo com os hábitos das famílias brasileiras, que abandonaram o consumo de carnes nobres, como a picanha e o filé mignon.

Pesquisa realizada pela Bare Internacional, focada no mercado de consumo, mostra que 75% dos brasileiros deixaram de consumir picanha e 73% de comer filé mignon. Outros 67% alegam que deixaram de comprar carne bovina, devido ao alto preço - no ano, a carne já acumula inflação de mais de 50%.

O levantamento mostra que a carne bovina foi trocada pelo frango por 57% das famílias e pelo ovo, por 19%. Peixes, com exceção do salmão, agora são consumidos por 15% dos brasileiros. 14% estão comprando carne de segunda e 6% de porco como fonte de proteína.

Atualmente, apenas 1% da população consome filé mignon. O consumo de picanha e salmão não chega nem a 1%.

“As pessoas não apenas estão optando por produtos mais baratos, mas já começam a retomar antigos hábitos como o de estocar itens em promoção”, disse a gerente geral da Bare no Brasil, Tânia Alves, que aponta que 51% começaram a fazer os estoques.

Roupas e viagens

A pesquisa aponta ainda que 89% dos entrevistados deixaram de consumir produtos e serviços por causa da alta dos preços. Os segmentos mais afetados foram viagens e vestuário, apontados por 69%. Quanto ao entretenimento, 68% da população cortou gastos com cinema, shows e teatro.

Segundo o estudo, os brasileiros também estão buscando trabalhos paralelos para fechar as contas mensais.

“Os bicos têm sido a salvação inclusive para a parcela que está empregada - 60% começaram a pegar trabalhos extras, o que pode ser reflexo da falta de reajustes ou de aumentos que não acompanharam a inflação”, afirma Tânia.

A pesquisa ouviu 1.053 pessoas durante o mês de novembro. Responderam ao questionário brasileiros de 19 a 74 anos, sendo 40% da amostra composta por pessoas de 31 a 40 anos; 76% estão empregadas, sendo que 54% não tiveram reajuste salarial; e 24% tiveram incremento de até 5%, 13% entre 5-10% e para apenas 7% delas o reajuste foi maior do que 10%.