Damares e Queiroga visitam criança que teve parada cardíaca mesmo após relação com vacina ser descartada

Ministros parecem estar fazendo campanha antivacina, visto que especialistas já apontaram que parada cardíaca de criança de SP não foi causada por dose contra a Covid

Damares Alves e Marcelo Queiroga (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foram no final da tarde desta quinta-feira (20) à cidade de Butucatu (SP) para visitar a menina de 10 anos que teve uma parada cardíaca e que se especulou que o problema tivesse relação com a vacina contra a Covid-19.

A visita dos ministros foi feita, no entanto, horas após o Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, composto por inúmeros especialistas, concluir que a parada cardíaca da criança não teve nenhuma relação com o imunizante.

Ao divulgar sua ida a Botucatu, onde a menina está internada, Damares Alves citou a vacina contra a Covid, dando a entender que a dose teria sido a responsável pela parada cardíaca.

"Estive hoje à tarde em Botucatu/SP com o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em visita à família e à menina de Lençóis Paulista, hospitalizada após suspeita de parada cardíaca no mesmo dia em que recebeu a vacina contra Covid", escreveu Damares em suas redes sociais, afirmando ainda que se reuniu com a família da criança, com o corpo médico do hospital e que acompanha o caso.

https://twitter.com/DamaresAlves/status/1484323763273433089

Damares e Queiroga, ao longo de toda a pandemia, não fizeram visitas a familiares de vítimas da Covid-19 e, por isso, a divulgação da visita à criança e a citação ao imunizante contra a Covid soam como uma campanha antivacina - o que não é estranho no governo de Jair Bolsonaro, já que o presidente já trabalhou contra as vacinas e se posiciona contra a vacinação de crianças, apesar da segurança atestada por especialistas e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Entenda

vacina contra a Covid-19 não foi a causa de uma parada cardíaca em uma criança de 10 anos, na cidade de Lençóis Paulista, no interior do estado. A conclusão, divulgada nesta quinta-feira (20), é da Secretaria da Saúde de São Paulo.

suposto efeito adverso do imunizante foi totalmente descartado, depois de análise do Centro de Vigilância Epidemiológica da secretaria, realizada por mais de dez especialistas.

Não existe relação causal entre a vacinação e o quadro clínico apresentado”, disse um dos trechos da nota do órgão.

A avaliação apontou que a criança tinha uma doença congênita rara, a Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW), desconhecida até então pela família, o que provocou o quadro clínico. Esta doença leva o coração a ter crises de taquicardia e pode ocasionar morte súbita.

A Secretaria da Saúde, também via nota, afirmou que reforça a importância da vacinação e “reafirma que todas os imunizantes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária são seguros e eficazes”.

falsa informação de que a criança apresentou mudanças nos batimentos cardíacos, depois de receber a vacina contra a Covid-19, levou a prefeitura de Lençóis Paulista a suspender, na quarta (19), a campanha de imunização infantil.

A medida foi tomada pelo prefeito Anderson Prado (DEM), após um relato circular pela cidade, dando conta que uma criança, com asma, teria apresentado mudanças nos batimentos cardíacos. Conforme informações dos pais, a criança chegou a desmaiar 12 horas depois de receber o imunizante.

A criança foi encaminhada para uma clínica particular e transferida para um hospital em Botucatu, onde segue em observação.

A prefeitura divulgou uma nota, dizendo que não teve acesso ao prontuário da criança. Apesar disso, tomou a iniciativa de suspender a vacinação de crianças por sete dias.

Anvisa aprova uso da CoronaVac para faixa etária de 6 a 17 anos

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) formou maioria, nesta quinta-feira (20), pela aprovação da CoronaVacpara utilização na faixa etária de 6 a 17 anos. Até agora, somente a vacina da Pfizer estava sendo utilizada para imunizar pessoas neste segmento.

Segundo a agência, a formulação e a posologia devem ser as mesmas da vacina aplicada em adultos, ou seja, duas doses em um intervalo de 28 dias. No entanto, a Anvisa não liberou o uso em crianças imunossuprimidas e nem de 3 a 5 anos.

Votaram pela aprovação da CoronaVac a diretora relatora Meiruze Sousa Freitas e os diretores Rômison Rodrigues Mota e Alex Machado Campos. Ainda votam na sessão: Cristiane Jourdan e Antônio Barra Torres.