Defesa de Dr. Jairinho vaza foto íntima de ex-namorada que prestou depoimento contra o ex-vereador

Objetivo do vazamento do "nude", que configura um crime, teria por objetivo desqualificar a mulher, que disse em depoimento que sua filha já foi agredida pelo vereador, preso acusado pelo assassinato do enteado de 4 anos

Dr. Jairinho - Foto: Reprodução
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A defesa de Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), vazou uma foto íntima de uma ex-namorada do vereador que prestou depoimento contra ele à Polícia Civil. Jairinho e sua namorada, Monique Medeiros, foram presos acusados pelo assassinato do menino do menino Henry, de 4 anos, na última quinta-feira (8).

Na foto vazada pela defesa de Jairinho, a ex-namorada aparece nua com a legenda: “Sou de Bangu e vereador Jairinho botou peito em mim", em referência ao fato do vereador ter pagado implantes de silicone para a mulher. Segundo o portal G1, a defesa de Jairinho ainda divulgou vídeos em que funcionários do vereador tentam desmerecer o depoimento da ex-namorada.

“[A ex-namorada] disse pra muitas pessoas que estava com ele pro causa do dinheiro dele, isso a gente já sabe. Agora não entendo, [há] mais de oito anos isso, a pessoa vir a público agora dizer uma coisa dessa... Agora disse que tinha medo dele?", diz, no vídeo, uma das pessoas que trabalha com Jairinho. O objetivo dos vazamentos seria constranger e desqualificar a testemunha.

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Em depoimento à Polícia Civil, a ex-namorada contou que a filha, na época de seu relacionamento com Jairinho, tinha 4 anos – hoje ela tem 13 anos -, e sempre voltava com ferimentos quando saia para passear com o vereador.

A mulher relatou à Veja que o vereador chegou a levar a filha para um local, que pela descrição da criança se parecia com um motel. Lá, ele teria tirado a roupa da menina e bateu com a cabeça dela na parede do boxe, no banheiro. Jairinho também teria tentado afogar a menina na piscina, afundando a cabeça dela com os pés.

Entenda o caso

O menino Henry Borel, de 4 anos, foi encontrado morto na madrugada do dia 8 de março no apartamento em que morava com a mãe, a professora Monique Medeiros, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ela e o namorado, o vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), levaram a criança ao hospital alegando que ele teria sofrido um acidente e que estava “desacordado e com os olhos revirados e sem respirar”.

Os laudos da necropsia de Henry apontaram que a causa da morte foi hemorragia interna e laceração hepática (no fígado) causada por uma ação contundente (violenta). O documento cita ainda a presença de edemas, equimoses, contusões e hematomas no corpo de Henry. Foram identificadas lesões no crânio, no fígado, nos pulmões e nos rins, além de uma série de ferimentos externos.

O 2º Tribunal do Júri da Capital decidiu expedir mandados de prisão temporária, de 30 dias, contra Jairinho e a namorada, que foram cumpridos pela Polícia Civil do Rio na manhã da última quinta-feira (8). Investigadores apontaram que a criança sofreu um assassinato, e não um acidente.

As investigações também concluíram que Dr. Jairinho agredia o enteado com chutes e golpes na cabeça e que Monique sabia disso pelo menos desde fevereiro. O casal também é suspeito de atrapalhar as investigações e de ameaçar testemunhas para combinar versões.

Filho de uma dona de casa e do coronel da Polícia Militar e deputado estadual – Coronel Jairo (PSC) – Dr. Jairinho concorreu pela primeira vez em eleições em 2004, aos 27 anos, tornando-se o vereador mais votado do Partido Social Cristão (PSC). Ele continuou na Câmara por outros três mandados, até se tornar líder do governo na gestão de Marcelo Crivella (Republicanos).

De acordo com o Ministério Público Federal, o pai do vereador, Coronel Jairo, era suspeito de participação no chamado “mensalinho” da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O esquema movimentou R$ 54 milhões em pagamentos para que deputados votassem com o governo, na época de Sérgio Cabral (MDB).

O parlamentar foi alvo da operação Furna da Onça, da Lava Jato, voltada para os casos de corrupção da Alerj. Desdobramentos desta operação também miraram o ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz.

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