Deputada de MG é ameaçada de morte: "Seu fim será como o de Marielle"

Andréia de Jesus (PSOL), que preside a Comissão de Direitos Humanos da ALMG, passou a ser ameaçada após expor denúncia relacionada ao massacre da PM em Varginha; repórter da Fórum também foi ameaçado

Deputada Andreia de Jesus recebe ameaças de morte após expor denúncia relacionada à operação policial que deixou 26 mortos (Foto: Sarah Torres/ALMG)
Escrito en BRASIL el

A deputada estadual Andréia de Jesus (PSOL-MG), presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), publicou uma carta aberta, nesta quarta-feira (3), em que denuncia ameaças de morte que está recebendo.

A Comissão de Direitos Humanos da ALMG investiga a operação das polícias Militar (PMMG) e Rodoviária Federal (PRF) que provocou um massacre com 25 mortos em Varginha (MG) no dia 31 de outubro. Nenhuma das vítimas é policial.

Segundo Andréia, as ameaças chegaram através de mensagens em seu celular depois que a comissão que preside acolheu denúncias sobre supostas irregularidades da operação policial.

"Como é de praxe em situações similares, a Comissão acolheu a denúncia e eu tornei público o ocorrido. Em seguida, todas as minhas redes foram invadidas por extremistas distorcendo a minha fala, com comentários de ódio e desrespeito. E por fim, AMEAÇAS CONTRA MINHA VIDA!", relatou a deputada.

A parlamentar, após recomendação da Polícia Legislativa, já foi colocada sob escolta policial e anunciou que acionará a Polícia Civil para apurar as ameaças. Uma das mensagens recebidas por Andréia dizia: "seu fim será como o de Marielle Franco".

https://twitter.com/andreiadejesuus/status/1456028215978479617

Repórter da Fórum também foi ameaçado

Após a publicação da matéria “Massacre: Operação policial em Minas deixa 25 mortos e nenhum deles policial”, o jornalista Marcelo Hailer, que assina o texto, começou a receber ameaças de morte e insultos LGBTfóbicos em suas redes sociais.

As ameaças tiveram início na noite deste domingo (31) e se intensificaram na manhã desta segunda-feira (1). Uma das ameaças afirma que vai rastrear o endereço do jornalista, executá-lo e depois divulgar o vídeo nas redes.

“Só espero que algum policial te ache e faça você explicar o porquê teria que ter algum policial morto”, diz um dos textos, que é respondido por outro usuário: “Pode ter certeza que faremos ele explicar direitinho. E depois postaremos o vídeo. Força e honra”.

Em outra ameaça, é dito ao jornalista que tiros de fuzil serão dados “em sua cara” e na “sua família”. “Vagabundo, amante de bandido filho da puta, homossexual nojento, aidético. Pena que não sobrou tipo de fuzil na cara da sua família, viado maldito de merda”, diz o texto.

Outro usuário diz que gostaria de dar “oito tiros na cara” do jornalista. “Lixo! Você é um desserviço como ser humano. Pena que moro em outra cidade, queria muito dar uns 8 tiros na sua cara. Viado nojento. Tua hora vai chegar”.

As ameaças ganharam intensidade depois que o deputado federal Eduardo Bolsonaro comentou o assunto e criticou a cobertura da imprensa.

Até este momento, o jornalista já recebeu mais de cem ameaças em suas contas nas redes sociais.

A Revista Fórum irá tomar todas as medidas legais cabíveis contra os responsáveis pelas ameaças e repudia ataques ao exercício do jornalismo e à liberdade de imprensa. Hoje, infelizmente, a violência contra jornalistas parte do presidente que ocupa o Planalto e seus filhos, que alimentam uma rede de ódio.