Duas travestis assassinadas só em julho. Uma por R$ 50,00. A outra, para ‘limpar o mundo’

Larissa foi esfaqueada em um assalto em Cuiabá. Sophia foi baleada em João Pessoa por um sargento da PM. Ele alegou que sua “missão era acabar com homossexuais”. Segundo levantamento, o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais do mundo.

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Larissa foi esfaqueada em um assalto em Cuiabá. Sophia foi baleada em João Pessoa por um sargento da PM. Ele alegou que sua “missão era acabar com homossexuais”. Segundo levantamento, o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais do mundo. Da Redação* Cleverson Oliveira dos Santos, suspeito de matar a travesti Larissa Valverde, de 24 anos, no dia 2 de julho, foi preso nesse final de semana em Sorriso, a 420 km de Cuiabá. Ele teria cometido o crime para roubar R$ 50 da vítima. Essa é a principal conclusão da Polícia Civil, que investiga o caso. O suspeito confessou o crime, mas negou ter roubado o dinheiro. Em João Pessoa, diversos militantes, ativistas, amigos e conhecidos se reuniram na tarde de sábado (15), às 18h, na Praça Bela Funcionários II, para pedir Justiça para Anna Sophia, travesti de 16 anos assassinada a tiros no dia 8 de julho. O acusado é o sargento reformado da Polícia Militar, Antônio Rêgo Sobrinho, que foi preso no dia 11, na cidade de Teixeira e admitiu o assassinato. Em depoimento, ele disse que sua “missão era acabar com homossexuais”. Segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), a mais antiga associação de defesa dos homossexuais e transexuais do Brasil, o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais do mundo. Só em 2016 foram 347 mortes, o maior número desde que é feita a pesquisa, há 37 anos. O corpo de Larissa foi encontrado no estacionamento de um supermercado em Sorriso. De acordo com o delegado André Ribeiro, ainda existe a suspeita que Cleverson tenha cometido o crime sob efeito de droga. “Ele nega que tenha subtraído os R$ 50 da bolsa da vítima e disse que houve uma discussão entre eles. Mas ele confessou que o matou. Eles não se conheciam e ele alegou que a vítima o tinha convidado para fazer um programa, que ele teria recusado”, comentou o delegado. A polícia não acredita na versão de que Larissa o chamou para um programa. “Ele cometia diversos furtos na cidade e, de certo, viu a vítima em uma situação de vulnerabilidade muito grande e se aproveitou dessa situação para cometer o crime”, afirmou o delegado. Conforme a Polícia Civil, Cleverson será indiciado pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe. Ele foi encaminhado nesta segunda-feira (17) ao Centro de Ressocialização de Sorriso (CRS). O crime Larissa foi assassinada com várias perfurações nas costas, possivelmente provocadas por uma chave de fenda, encontrada ao lado do corpo. Na época, a perícia disse que não havia sinais de que a vítima tenha tentado se defender. O assassino ainda colocou no ânus de Larissa uma embalagem que seria de desodorante. A bolsa da vítima, que fazia programas, conforme uma conhecida contou à polícia, estava vazia e jogada no chão.