Em documentos, PM do Rio se associa a Bolsonaro e liga partidos de oposição a vandalismo

Greve dos entregadores e manifestações antifascistas foram vistos como ameaças pela corporação. Protestos a favor do governo, por sua vez, receberam elogios

Foto: Reprodução/ Twitter PMRJ
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Documentos internos da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM-RJ) mostram que a corporação possui protocolos distintos para realizar o policiamento de protestos contra ou a favor do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia do coronavírus.

Enquanto atos bolsonaristas são vistos como inofensivos, apesar de descumprirem as recomendações de isolamento social, registros internos mostram que manifestações contra o governo são associadas a vandalismo. Os documentos da PM, que englobam solicitações de policiamento e ordens de serviço, foram obtidos pelo UOL.

O uso de grande aparato policial, o que inclui batalhões de choque, é justificado pela "possibilidade de grande mobilização de manifestantes em virtude da convocação de adeptos dos partidos políticos opositores e anarquistas, com histórico em atos anteriores desse mesmo gênero, registros de confusões e depredação do patrimônio público".

Protestos a favor de Bolsonaro, no entanto, nunca são vistos como possíveis distúrbios. O documento elaborado pela Seção de Inteligência do 2º BPM, de Botafogo, por exemplo, elogiou um ato bolsonarista de 18 de abril.

"As pessoas presentes apresentavam um bom nível de compreensão do que lhes era passado, muitos utilizavam mídias digitais para mensagens e vídeos ao vivo e a todo momento faziam questão de manifestarem admiração pelo trabalho da Polícia Militar", diz o texto.

Manifestações antifascistas e antirracistas, assim como a greve dos entregadores de aplicativo, no último 1º de julho, foram alguns dos atos tratados com grande chance de vandalismo pela corporação.