Em meio à celebração do Dia Mundial de Combate à Aids, governo Bolsonaro suspende exames de HIV

Ministério da Saúde deixou vencer o contrato com empresa que realizava os exames e não conseguiu concluir novo pregão

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No dia 1º de dezembro, o governo Bolsonaro celebrava o Dia Mundial de Combate à Aids e comemorava a redução no número de casos notificados da doença no Brasil. No dia seguinte, porém, o Ministério da Saúde divulgou uma nota em que informava sobre a suspensão de todos os exames de genotipagem de HIV e de hepatite C, que servem para determinar qual o melhor tipo de tratamento para as pessoas que vivem com o vírus.

O motivo da suspensão dos exames no Sistema Único de Saúde (SUS) é o fato do governo Bolsonaro ter deixado vencer o contrato com a empresa que fazia os exames desde 2015.

O contrato venceu em novembro deste ano e a pasta não conseguiu concluir um novo pregão com outra empresa a tempo. "Considerando que não há cobertura contratual para manutenção de coletas e processamento das amostras, este departamento informa que as coletas estão temporariamente suspensas, mas com expectativa de retomada do serviço a partir de janeiro de 2021. Caso seja possível retomar antes dessa data, um novo comunicado será publicado", diz nota do Ministério da Saúde.

Atualmente, cerca de 900 mil pessoas com HIV no Brasil estão em tratamento, segundo dados do próprio ministério.

De acordo com o jornal Estadão, a Articulação Nacional de Luta contra a aids (Anaids) deve denunciar o caso no Ministério Público. A Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids, por sua vez, divulgou uma nota oficial em que afirma que "esse exame é fundamental na estratégia para o tratamento tanto para o HIV como para o HCV, pois quando a pessoa está resistente e necessita da genotipagem para iniciar nova combinação encontra-se em um estado de extrema vulnerabilidade às infecções oportunistas e não pode ser prejudicada pela demora ocasionada por entraves meramente burocráticos".

"A RNP+Brasil acha um absurdo que o Ministério da Saúde tenha demorado para lançar o edital de compras dos kits e não podemos aceitar que isso prejudique o tratamento das pessoas, pois sabemos que o ano de 2021 será o ano que veremos os impactos da Covid-19, tanto nos pacientes de HIV como nos de HCV, e a falta desses exames pode agravar ainda mais esses impactos", diz ainda a nota.

*Com informações da Folha de S. Paulo e Estadão

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