Em Porto Alegre, votação de projeto na Câmara dos Vereadores é marcada por repressão policial

Servidores municipais de Porto Alegre que acompanhavam a votação de projetos que alteram regras do funcionalismo municipal foram violentamente reprimidos pela Tropa de Choque da Brigada Militar

Foto: Guilherme Santos/Sul 21
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Por Fernanda Canofre, no Sul 21 Com reforço de viaturas e do Batalhão de Choque da Brigada Militar, portas fechadas e entrada controlada, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre viveu um dia de tensão nesta quarta-feira (11), enquanto o Plenário discutia a votação de três projetos de lei apresentados pelo prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB), que alteram questões relacionadas ao funcionalismo municipal. No início da tarde, os municipários começaram a ingressar na galeria do plenário para acompanhar a sessão. Por volta das 15h, a porta de acesso ao plenário foi fechada e iniciou o confronto entre servidores e integrantes da Guarda Municipal que chegaram a usar spray de gengibre contra os municipários. Um segundo foco de conflito abriu-se na porta de entrada da rampa, por onde os servidores tentaram entrar. Um pouco antes das 17 horas, os municipários conseguiram entrar e foram recebidos por um pelotão do choque da Brigada Militar que já estava dentro do prédio, postado perto da sala de acesso ao plenário. O choque investiu contra os manifestantes, com sprays de pimenta e bombas de gás, empurrando-os para fora do prédio. Enquanto isso, a porta de acesso ao plenário seguia fechada e os vereadores de oposição pressionaram a segurança para abri-la e protestaram contra a presença da Brigada dentro do prédio. A sessão acabou sendo interrompida. O presidente da Câmara de Vereadores, Valter Nagelstein, justificou a presença da Brigada Militar dentro do prédio. “Eu pedi a ação policial para garantir que o parlamento pudesse se manifestar dentro daquilo que se chama estado democrático de direito. É muito triste ter que ter havido intervenção policial e é mais triste ainda pra mim que eu tenha que chamar uma reunião extraordinária a portas fechadas”. Diretor do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Alberto Terres, classificou como “lamentável” a decisão de Nagelstein de chamar a Brigada Militar para dentro da Câmara. “O governo tentou dar um golpe nos servidores municipais, colocando o projeto da Previdência e o que ataca o regime dos servidores. Decidiram isso às 12h. Nós chamamos a categoria pra vir pra cá para defender nossos direitos. O presidente da Casa, Valter Nagelstein, com a anuência de Marchezan, chamou a Brigada Militar e a ROMU pra vir pra cá bater nos trabalhadores. Teve trabalhador machucado, trabalhadora presa. É desta forma que o prefeito Marchezan trata os servidores municipais. Nós vamos aceitar esse tipo de ataque”. A vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) definiu o que aconteceu como um “escândalo completo”. “O governo colocou em votação dois projetos, um que pode reduzir em até 40% o salário dos servidores e desmontar os serviços públicos. Fizeram uma manobra para tentar votar isso, restringindo a entrada dos servidores. Virou uma panela de pressão, sem canal de diálogo. É óbvio que haveria um tensionamento por conta da irresponsabilidade do governo”. Continue lendo no Sul 21