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A jornalista Rita Lisauskas comentou as reações contrárias à exposição de forma irônica: “Meu Deus! Um homem! Um pinto! Que horror”. Bastou para ser atacada também.
Da Redação*
Durante uma intervenção nesta quinta-feira (28), no 5° Panorama da Arte Brasileira, que está sendo realizado no Museu de Arte Moderna de São Paulo, um homem ficou nu enquanto era observado e tocado pela plateia, inclusive crianças.
Em resposta aos ataques nas redes e a presença da criança, o MAM se pronunciou através de nota, onde diz que tudo foi devidamente sinalizado e a criança que aparece no vídeo veiculado por terceiros estava acompanhada e supervisionada por sua mãe (Leia na íntegra abaixo).
A cena bastou para que as “cajazeiras” de sempre, incluindo aí, é claro, o MBL e Jair Bolsonaro (PSC-RJ), partissem para o ataque de forma violenta contra a mostra, chamando organizadores e realizadores de “pedófilos”, entre outros adjetivos.
A jornalista Rita Lisauskas, autora do livro “Mãe sem Manual”, comentou uma dessas postagens virulentas de forma irônica: “Meu Deus! Um homem! Um pinto! Que horror”. Bastou para ser atacada também.
O Deputado Jair Bolsonaro gravou um vídeo reproduziu a cena com a legenda: “Cenas que revoltam... uma criança toca homem nu ‘em nome da Cultura.’ Coloquei a tarja no vídeo em respeito a vocês. MIL VEZES CANALHAS!”.
O grupo de direita “Avança Brasil” marcou manifestação para esta sexta-feira (29), na porta do MAM, para exigir e fechamento da exposição. A polêmica segue nas redes e promete novos episódios ao longo do dia.
Nota de Esclarecimento - MAM
O Museu Arte de Moderna de São Paulo informa que a performance 'La Bête', que está sendo questionada em páginas no Facebook, foi realizada na abertura da Mostra Panorama da Arte Brasileira, em apresentação única.
A sala estava devidamente sinalizada sobre o teor da apresentação, incluindo a nudez artística, seguindo o procedimento regularmente adotado pela instituição de informar os visitantes quanto a temas sensíveis.
O trabalho apresentado na ocasião não tem conteúdo erótico e trata-se de uma leitura interpretativa da obra Bicho, de Lygia Clark, historicamente reconhecida pelas suas proposições artísticas interativas.
Importante ressaltar que o material apresentado nas plataformas digitais não apresenta este contexto e não informa que a criança que aparece no vídeo veiculado por terceiros estava acompanhada e supervisionada por sua mãe. As referências à inadequação da situação são resultado de desinformação, deturpação do contexto e do significado da obra.
O MAM reafirma que dedica especial atenção à orientação do público quanto ao teor de suas iniciativas, apontando com clareza eventuais temas sensíveis em exposição.
O Museu lamenta as interpretações açodadas e manifestações de ódio e de intimidação à liberdade de expressão que rapidamente se espalharam pelas redes sociais.
A instituição acredita no diálogo e no debate plural como modo de convivência no ambiente democrático, desde que pautados pela correta compreensão dos fatos.
Foto: Reprodução/Através