Fartura lá dentro, fome e miséria no entorno do Mercado Municipal de São Paulo

"Vergonha é roubar e ir para a cadeia, eu não vou morrer de fome não", afirma desempregada que busca restos de comida nas caçambas de descarte

Foto: Reprodução G1
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Em contraste com a fartura de alimentos dentro do Mercadão Municipal, no Centro de São Paulo, no seu exterior pessoas buscam ossos de carne na caçamba de descarte. Matéria comovente de Paula Paiva Paulo, no G1, da Globo, mostra o difícil dia a dia das pessoas que, praticamente sem renda alguma, são obrigadas a catar restos pra alimentar a família.

"Vergonha é roubar e ir para a cadeia, eu não vou morrer de fome não", disse a desempregada Josefa Romão, de 55 anos, enquanto buscava o alimento em meio ao lixo da caçamba.

Ela divide o aluguel de R$ 400 com um companheiro em Guianases, na Zona Leste da capital - a cerca de 30 km do Mercadão. Ela costumava ajudá-lo com a venda de coco, em uma barraca próxima ao mercado, mas conta que as vendas caíram muito. "Quando não tinha essa pandemia era tudo bem", disse Josefa.

Um funcionário do local conta que o Mercadão sempre foi procurado por pessoas em situação de rua para tentar conseguir restos de alimentos. Com o agravamento da crise, no entanto, começaram a aparecer famílias com moradia, que passam por dificuldades.

Movimentos sociais entregaram um ofício nesta quinta-feira (7), com pedido de reunião com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) para cobrar a promessa de continuidade do programa Rede Cozinha Cidadã, que forneceu marmitas para 10 mil pessoas em situação de rua desde o início da pandemia.

Nunes iria encerrar o programa no dia 22 de setembro, mas após protestos teria voltado atrás da decisão, de acordo com o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Milton Leite (DEM). No entanto, de acordo com representantes dos movimentos sociais, até o momento estão sendo entregues apenas 3.200 marmitas por dia das 10 mil previstas.

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