Frango brasileiro vetado pela Europa por conter salmonella é vendido normalmente no Brasil

Agência denuncia que a carne brasileira que não é aprovada pelas inspeções no Reino Unidos (mais rigorosas) é reenviada ao Brasil, reprocessada em forma de salsichas, nuggets ou outros produtos derivados, ou mesmo para voltar “in natura”, dependendo do tipo de bactéria encontrada.

Foto: Divulgação/Aurora
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Investigação realizada pela agência Repórter Brasil e publicada nesta quarta-feira (3) denunciou que os produtores brasileiros trazem de volta ao país a carne de frango que é rejeitada no Reino Unido quando não passam pelos controles sanitários (mais rigorosos que os brasileiros). Inscreva-se no nosso Canal do YouTube, ative o sininho e passe a assistir ao nosso conteúdo exclusivo Segundo a reportagem, entre os meses de abril de 2017 e novembro de 2018, cerca de 1 milhão de aves congeladas (aproximadamente 1,4 mil toneladas) foram vetadas pelos inspetores britânicos, e na grande maioria dos casos se identificou a presença de salmonella, uma bactéria que traz risco à saúde humana. Mas a pior de tudo: essa carne rejeitada acaba voltando ao Brasil, é reprocessada e chega às prateleiras dos supermercados do país. A informação sobre o retorno da carne contaminada ao Brasil foi conseguida através da Food Standards Agency, a agência britânica de padrões alimentares, e confirmada posteriormente pelo próprio Ministério da Agricultura e pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). Segundo a ABPA, o mercado brasileiro pode receber esse produto de volta de duas formas, dependendo do tipo de salmonella presente na carne: se forem bactérias com risco potencial à saúde humana (menos de 1% dos casos, segundo o Ministério da Agricultura), o frango contaminado é cozido, para que carne seja usada em subprodutos, como nuggets, salsichas, linguiças e mortadelas de frango. Caso seja uma bactéria que não apresenta risco à saúde, o produto é recolocado normalmente aos açougues e supermercados, em seu formato mais comum. Segundo a nutricionista Ana Paula Bortoletto, do IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), “Esse tipo de prática é um grande desrespeito aos consumidores brasileiros, que são expostos no mercado a produtos de pior qualidade por conta do menor nível de exigência sanitária no país, podendo sofrer consequências negativas à saúde”.