Gestão Doria pretende fechar UBS em área de risco para febre amarela

Unidade localizada na Zona Leste de São Paulo deverá ceder seu espaço para outro tipo de atendimento, se tornando a terceira fechada pelo prefeito tucano

Escrito en BRASIL el
[caption id="attachment_125747" align="aligncenter" width="780"] Segundo moradores, a UBS Jardim Tietê II, que tem capacidade para atendimento de qualidade e é uma conquista do movimento popular de saúde, enfrenta hoje a falta de médicos - Foto: Reprodução[/caption] A prefeitura de São Paulo parece não se sensibilizar com o surto de febre amarela que está atacando determinadas regiões do país, incluindo a capital paulista. A gestão de João Doria (PSDB) quer fechar a Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Tietê II, localizada em São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, uma área de risco para a doença, e transferir o atendimento para outra unidade, integrada ao Hospital Dia da Rede Hora Certa. A informação, vazada a representantes de usuários em conselhos gestores da supervisão de saúde e das UBSs, os levou a abrir abaixo-assinado contra a mudança. O temor é que a fusão de duas unidades de saúde leve à sobrecarga e à piora do atendimento, hoje marcado pela demora, falta de médicos e com a febre amarela a rondar a população. As informações são de Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual. Diante da pressão de moradores, que ameaçam levar o caso à Promotoria de Saúde da Capital do Ministério Público do Estado de São Paulo, a supervisora técnica de Saúde de São Mateus, Fabiana Silva Zavatto, convocou reunião, realizada na tarde desta terça-feira (15). Segundo os presentes, a prefeitura nega o fechamento. E afirma que a unidade dará lugar a um centro de referência para atendimento a pessoas com deficiência – espaço que será gerido pela Fundação do ABC, organização social da saúde (OS), atualmente responsável pela gestão do Hospital Dia da Rede Hora Certa. “Para nós, isso é a mesma coisa que fechar a UBS administrada diretamente pela prefeitura. E em vez de melhorar o serviço e contratar mais médicos, vão abrir ali um serviço terceirizado. Não somos contra um centro de referência à saúde da pessoa com deficiência, mas defendemos que seja construído um outro espaço para abrigá-lo, sem retirar o que precisa ser melhorado, e não fechado”, disse um representante dos usuários, que pediu para não ser identificado. Segundo a liderança comunitária, a supervisora de saúde não só negou o fechamento como afirmou que o serviço vai ser ampliado com a incorporação de novas especialidades e a oferta do Programa de Saúde da Família. “Como vão oferecer mais se a gente sabe que estão fechando outros serviços?”, questionou, com desconfiança. A preocupação é grande na região. Segundo moradores, a UBS Jardim Tietê II, que tem capacidade para atendimento de qualidade e é uma conquista do movimento popular de saúde, enfrenta hoje a falta de médicos. Conforme o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes), a unidade tem 43 profissionais cadastrados, entre eles, pediatras, clínico geral, ginecologista, ortopedista, dentista, enfermeiros, assistente social, auxiliares de enfermagem e administrativos. Outra preocupação é o fato de o bairro estar ao lado do Parque do Carmo, região considerada de risco para a transmissão da febre amarela. Tanto que consta do mapa de vacinação contra a doença. Na manhã do próximo dia 20, haverá nova reunião dos moradores com dirigentes da SMS no Hospital Dia da Rede Hora Certa, que terá participação de representantes da OS Fundação ABC. Integrante da Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher da Câmara, a vereadora Juliana Cardoso (PT) protocolou requerimento para inserir o tema na pauta da próxima reunião da Comissão, na próxima quarta-feira (21). A vereadora solicita ainda que sejam convidados representantes da Secretaria Municipal da Saúde, da Coordenadoria de Saúde Leste, da Supervisão São Mateus, do Conselho Municipal de Saúde e dos conselhos gestores da supervisão e da UBS Jardim Tietê II. Em audiência pública realizada em agosto passado, o secretário Wilson Pollara – que deixou muitas questões sem resposta – se comprometeu a não fechar postos de saúde antes que tenha outra unidade para ser aberta. No entanto, já fechou a UBS da República no final de 2017 e, em janeiro, a UBS do Parque Imperial, na Zona Sul. Nenhum novo serviço foi inaugurado.