A Polícia Federal fez na manhã desta quarta-feira (13) a reintegração de posse da Cozinha Solidária do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) na Avenida Azenha, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O espaço funcionou por apenas 18 dias até que a política genocida do governo de Jair Bolsonaro viesse acabar com a iniciativa, que servia como um aparato ao combate à fome que se intensificou durante a pandemia da Covid-19. O terreno ocioso é de posse da União e, durante este período, foram servidos quase três mil almoços.
O vereador Matheus Gomes (PSOL), que acompanhou a reintegração, disse à Revista Fórum que o governo federal, através da Advocacia-Geral da União e da Superintendência de Patrimônio do Ministério da Fazenda, negaram qualquer possibilidade de diálogo. "Pediram a reintegração de posse, que hoje foi cumprida pela PF e Brigada Militar, e não sinalizaram nenhuma ampliação do atendimento básico para a garantia de alimentação à população da cidade de Porto Alegre", afirmou.
Ainda segundo ele, houve diálogo com a prefeitura e o governo estadual, que apresentaram possibilidades de terreno para a instalação da cozinha e a ampliação de 200 refeições diárias para serem servidas à população em situação de rua. "Mas do governo federal nada. Nós conseguimos a instalação da cozinha em um local próximo, na casa de uma apoiadora que se solidarizou, vamos continuar o trabalho de alimentação, mas ainda estamos na luta para conseguir um terreno permanente", disse Matheus.
Segundo o vereador Leonel Radde (PT), houve forte aparato policial e a rua foi fechada. "Desocupar um espaço que servia centenas de marmitas para as pessoas que mais precisam", lamentou De acordo com o parlamentar, o Estado tinha pedido mais tempo para a negociação, porque lida com a demanda da alimentação, mas o governo federal insistiu e a Justiça Federal acatou ao pedido de reintegração de posse.