Grupo do banqueiro Daniel Dantas aparece como o maior desmatador da Amazônia em ranking

"Os 25 maiores desmatadores da história recente do país são grandes empresas, estrangeiros, políticos, uma empresa ligada a um banqueiro, frequentadores de colunas sociais no Sudeste e três exploradores de trabalho escravo", diz levantamento feito pelo The Intercept Brasil em parceria com o De Olho Nos Ruralistas

Desmatamento na Amazônia (Foto: Mayke Toscano/Gcom-MT)
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O The Intercept Brasil, em parceria com o De Olho Nos Ruralistas, publicou uma reportagem nesta sexta-feira (31) expondo os 25 maiores desmatadores da Amazônia nos últimos anos com base nas multas aplicadas pelos órgãos de fiscalização. No topo da lista está a empresa Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, ligada ao banco Opportunity do banqueiro Daniel Dantas. A reportagem, assinada pelos jornalistas Alceu Luís Castilho e Leonardo Fuhrmann, analisa autuações por crimes contra a flora de 1995 até 2019 e elenca 25 desmatadores que juntos devem R$ 50 milhões. "A imensa maioria deles jamais pagou suas multas e acumula outras dívidas com o poder público. Os valores, que são proporcionais à área desmatada, mostram que quem destrói a floresta não são as pessoas pobres, como defende Paulo Guedes", aponta a reportagem. "Os 25 maiores desmatadores da história recente do país são grandes empresas, estrangeiros, políticos, uma empresa ligada a um banqueiro, frequentadores de colunas sociais no Sudeste e três exploradores de trabalho escravo", diz a publicação. O levantamento coloca em primeiro lugar do levantamento o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas logo justifica: as multas a terras causadas por ação de grileiros recaem sobre a entidade a quem o terreno originalmente pertence. Levando em conta esta questão, o primeiro colocado é o grupo ligado a Daniel Dantas, principal credor e beneficiário do processo de privatização do governo FHC. "Em 2009, a AgroSB, como é conhecida, declarava ser dona de mais de 500 mil hectares de terra, onde eram criadas mais de 500 mil cabeças de gado. À justiça, a empresa disse que não cometia desmatamento, mas que adquiriu áreas já degradadas", pontua. Estudo feito pelo departamento jurídico da Comissão Pastoral da Terra – CPT da Diocese de Marabá, em 2013, aponta que a Santa Bárbara possui pelo menos 50 mil hectares de terras griladas.