“Ideologia política não tem que ser maior do que valores humanos”, diz Anielle Franco

A diretora do Instituto Marielle Franco e irmã da ex-vereadora revelou que serão tomadas medidas judiciais diante das ameaças que recebeu, após a prisão do deputado Daniel Silveira

Anielle Franco - Foto: Divulgação/EcoaCréditos: Bléia Campos/Divulgação
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Anielle Franco, diretora executiva do Instituto Marielle Franco e irmã da ex-vereadora assassinada em 2018, rechaçou as ameaças que recebeu de apoiadores do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), após a prisão do bolsonarista.

“São pessoas que não entendem que ideologia política não tem que ser maior do que valores humanos. Então, o Instituto Marielle Franco e a família tomarão medidas judiciais cabíveis. A gente repudia qualquer tipo de violência, qualquer discurso de ódio, principalmente ataques a instituições democráticas, que esses grupos políticos extremistas vêm promovendo no país. Não ficaremos em silêncio”, destaca Anielle.

“É inadmissível que, em pleno 2021, a gente tenha que debater a possibilidade de cada pessoa pensar como quiser e que se tenha respeito. Por trás da Marielle, existe uma família que sofre muito com isso e o Instituto Marielle Franco está aí para manter esse legado”, ressalta.

“Eu, enquanto diretora, não vou tolerar e não vou me calar diante de nenhuma ameaça, seja ela para destilar ódio, falar mal da minha irmã, nos chamar de ‘macacas’ ou dizer que nós somos ‘feministas de merda’, como aconteceu”, relata Anielle.

Ela não compreende como as pessoas podem atacar a imagem da sua irmã. “Esse crime continua sem solução. É inadmissível que a Mari tenha sido assassinada como foi, com cinco tiros na cabeça, e ainda hoje pessoas façam piadas de ódio com essa morte e da maneira como foi. A gente está falando de um crime que está a poucos dias de completar três anos, mas que ainda não foi solucionado”.

Força e empatia

Apesar disso, a diretoria do Instituto Marielle Franco acrescenta que as dificuldades fazem com que ela e a família se fortaleçam.

“A gente tenta pedir mais empatia e dizer que não é assim que se resolvem as coisas. Eu acredito muito no diálogo, como maneira de se chegar a um ponto comum, ainda mais em um país bombardeado por tantas coisas ruins que estão acontecendo. A hora é de a gente se unir em prol de deter o fascismo, em prol de deter tanto ódio que está sendo destilado”, completa Anielle.