Inflação dos alimentos é três vezes maior entre baixa renda em relação aos mais ricos

De janeiro a outubro, enquanto a inflação das famílias mais pobres foi de 3,68%, as de alta renda teve variação de 1,07%

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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O preço dos alimentos sofreu um aumento de 9,75% entre janeiro e outubro de 2020. A inflação percebida pelos brasileiros mais pobres, no entanto, é cerca de três vezes maior em relação à dos mais ricos. Segundo dados do Ipea, a inflação das famílias de baixa renda foi de 3,68%, enquanto a da alta ficou em 1,07%.

Em relação ao período de 12 meses encerrados em outubro, a inflação percebida pelas famílias de renda mais baixa subiu a 5,48%, acima da meta de 4,0% do Banco Central. Entre os mais ricos, a inflação foi de 2,50% no período. Os dados estão em reportagem do jornal Estado de S.Paulo.

Dados mostram que a disparada no preço dos alimentos pesa mais no bolso das famílias de baixa renda, que já possuem um orçamento muito menor para gastar com alimentação. Com isso, agora os mais pobres precisam destinar uma parcela ainda maior de sua renda nas compras de supermercado.

“Os alimentos no domicílio representam 30% do cálculo da inflação da baixa renda. Enquanto que entre a dos mais ricos não chega a 10%. Então o impacto do aumento de preços acaba sendo muito menor entre os mais ricos”, afirma Maria Andréia Parente Lameiras, técnica da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, em entrevista ao jornal.

O estudo do Ipea considera o grupo de renda mais baixa as famílias que recebem menos de R$ 1.650,50 mensais, enquanto que a faixa mais rica tem renda domiciliar mensal acima de R$ 16.509,66 mil.

Enquanto o preço dos alimentos sobe, o presidente Jair Bolsonaro destrata aqueles que cobram soluções. No domingo (25), enquanto caminhava pela Feira Permanente do Cruzeiro, próximo à região central da capital federal, um homem abordou educadamente o ex-capitão para falar sobre o preço do arroz, que registrou altas históricas este ano.

“Bolsonaro, baixa o preço do arroz, por favor. Não aguento mais”, disse o cidadão. O presidente, como de costume, agiu de maneira ríspida e intolerante: “Quer que eu tabele, eu tabelo. Aí você vai comprar lá na Venezuela”.