Invasão e alteração dos dados de Boulos no SUS pode ter partido de dentro do Ministério da Saúde

Nome do pai de Boulos no cadastro do SUS foi alterado para "Kid Bengala" e a informação de que recebeu a primeira dose da vacina contra Covid foi apagada; outras lideranças de esquerda passaram por situação parecida

Guilherme Boulos toma vacina contra a Covid (Reprodução/Instagram)
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O líder social Guilherme Boulos (PSOL) teve seu cadastro no Sistema Único de Saúde (SUS) invadido e os dados alterados. A informação foi revelada nesta segunda-feira (19) pelo jornalista Leonardo Sakamoto.

No cadastro de Boulos junto ao SUS, o nome de seu pai, Marcos Boulos, foi alterado para "Kid Bengala". Além disso, a informação de que o psolista recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19 não consta no sistema do Ministério da Saúde.

De acordo com informações obtidas pela Fórum, a invasão pode ter partido de dentro da própria pasta. Isso porque, segundo nota da assessoria do Ministério da Saúde, a alteração na base de dados foi feita por alguém "credenciado" a usar o sistema.

"O bolsonarismo está se infiltrando de uma maneira miliciana em todos os âmbitos da administração pública. Está colocando as garras das milícias digitais, do Gabinete do Ódio, no SUS, patrimônio do povo brasileiro", disse Boulos a Sakamoto.

Invasões

O caso de Boulos vem após outras lideranças políticas de esquerda terem passado por situação parecida.

A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), por exemplo, teve dificuldades para tomar a segunda dose da vacina contra a Covid pois seu cadastro no SUS também foi invadido e, nele, a parlamentar passou a constar como "morta".

Além disso, ao lado do nome de Gleisi no cadastro foi colocado um "apelido": "Bolsonaro".

A ex-deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), bem com os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, ambos do PT, também já tiveram seus cadastros do SUS invadidos e alterados.

Ministério da Saúde

Fórum entrou em contato com o Ministério da Saúde para obter um posicionamento sobre essas invasões. Em nota, a pasta informou que identificou uma alteração na base de dados do SUS feita por "uma pessoa credenciada para utilizar o sistema" - sinalizando que a invasão pode ter partido de um funcionário do próprio Ministério.

A reportagem, então, questionou quais pessoas podem estar credenciadas para utilizar o sistema, ao que a pasta, depois, respondeu informando que este acesso "está disponível para os profissionais de estabelecimentos de saúde de todo o Brasil, que devem estar devidamente cadastrados e vinculados ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do estabelecimento de atuação, seja público ou privado".

"Cabe ressaltar que é necessário ter o perfil de operador do sistema para efetuar edição nos registros", acrescentou ainda o Ministério.

Antes, a pasta havia enviado nota falando sobre a "alteração na base do CNS realizada por uma pessoa credenciada para utilizar o sistema de cadastro de dados".

Confira abaixo.

O Ministério da Saúde informa que verificou uma alteração na base do CNS realizada por uma pessoa credenciada para utilizar o sistema de cadastro de dados. Cabe esclarecer que já foi solicitado o bloqueio da credencial usada nestas ações.

A pasta esclarece que as informações de vacinação disponibilizadas por meio do Conecte SUS Cidadão dependem dos registros enviados por estados e municípios. Caso não esteja disponível após 10 dias da imunização, o Ministério orienta que o cidadão procure a unidade de saúde.

*Matéria atualizada em 19/07/2021 para acréscimo de informação [nova nota enviada pelo Ministério da Saúde]