Justiça absolve Sikêra Jr. por ataques a modelo trans e diz que é lícito chamar gays de "raça desgraçada"

Para o desembargador Rodolfo Pelizzari, apresentador fez uma "mera crítica" à comunidade LGBTQIA+

Reprodução/Rede TV
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O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu absolver o apresentador bolsonarista Sikêra Jr. por comentários transfóbicos e homofóbicos proferidos no ano passado. Ele havia sido condenado em primeira instância a pagar R$ 30 mil de indenização para a modelo transexual Viviany Beleboni, decisão que foi derrubada pelo TJ.

Sikêra usou a imagem da modelo, que ficou famosa por representar Jesus Cristo crucificado na Parada do Orgulho LGBT, ao tratar de um crime cometido por um casal de mulheres lésbicas. O apresentador então se referiu aos homossexuais como um "lixo", uma "bosta", uma "raça desgraçada" e disse que "estão arruinando a família brasileira".

Para o desembargador Rodolfo Pelizzari, os comentários de Sikêra não são ilícitos, mas sim uma "mera crítica" aos homossexuais. A informação é da coluna de Rogério Gentile, no UOL.

"Em verdade, a crítica foi dirigida à toda a comunidade LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais], de forma genérica", afirmou. "A conduta do apresentador não é ilícita, sendo uma mera crítica por entender que sua religião havia sido ofendida por homossexuais, a quem entende serem avessos a Jesus", completou.

O desembargador disse ainda que o Estado não pode "censurar" o apresentador que a "crítica" de Sikêra "pode até ser um equívoco crasso, mas não uma manifestação ilícita do pensamento".

Na ação, a defesa da modelo afirmou que, após a divulgação do programa, na qual a imagem dela "foi relacionada a um crime", Viviany foi hostilizada e recebeu ameaças nas redes sociais.

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