Mãe de Marielle Franco rebate agressão de blogueiro do RN à filha: “Não é homem, é um moleque”

Gustavo Negreiros declarou que Marielle Franco era “miliciana” e que teria sido assassinada numa “briga caseira” com outra milícia

Marinete Franco (Foto: Pedro Ribeiro Nogueira)
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Por Rafael Duarte, na Agência Saiba Mais

A advogada Marinete Franco, mãe da vereadora Marielle Franco, rebateu as agressões do blogueiro Gustavo Negreiros direcionadas à vereadora assassinada em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro. Para ela, “esse cara deve ser, além de desumano, um moleque porque não conhece a minha filha, não sabe nada da história da minha filha”, disse por telefone.

Gustavo Negreiros declarou terça-feira (10), no Jornal das Seis, da rádio 96 FM, que Marielle Franco era “miliciana” e que teria sido assassinada numa “briga caseira” com outra milícia:

– Marielle era uma miliciana lá do Rio de Janeiro, vereadora que brigou com outra parte da milícia e foi assassinada. Isso é uma briga caseira”, afirmou.

Alertado por um colega de bancada que a desembargadora do Rio de Janeiro Marília Castro Neves já havia sido processada por fazer comparação semelhante, Negreiros insistiu no ataque:

– É porque no Brasil tem confusão, mas todo mundo lá (no Rio de Janeiro) sabe disso”, afirmou.

Em contato com a agência Saiba Mais, a mãe da vereadora criticou o fato das agressões também serem feitas a uma vítima que sequer pode se defender:

– Esses ataques… a gente já imagina que as pessoas não tem compromisso nem responsabilidade. Pra um homem que tem um compromisso com o público em qualquer meio de comunicação falar mal de uma pessoa que já nem está aqui e nem pode se defender… isso não é um homem, é um moleque”, concluiu.

No próximo sábado (14) manifestações em vários estados do Brasil e em outros países lembrarão os dois anos do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que também morreu na emboscada. Nesse período, dois homens foram presos suspeitos de executar o crime. O policial reformado Ronnie Lessa e o ex-policial Elcio Queiroz, acusados pelo duplo assassinato, irão a júri popular. No entanto, mesmo dois anos após a tragédia, a polícia ainda não conseguiu descobrir quem mandou matar Marielle Franco.

Repercussão

A Executiva Nacional do PSOL decidiu pedir direito de resposta à rádio 96 FM, emissora de Natal (RN) na qual Gustavo Negreiros chamou de “miliciana” a vereadora Marielle Franco. Na sessão desta quarta-feira (11), o deputado estadual Sandro Pimentel (PSOL) classificou de “lamentável, leviana e crime” as declarações de Negreiros.

O parlamentar afirmou que espera uma retratação pública do blogueiro, da mesma forma como ele pediu “desculpas” aos ouvintes da rádio quando ofendeu a ativista ambiental sueca Greta Thumberg, de 16 anos e diagnosticada com autismo. Em setembro de 2019, Gustavo Negreiros disse que a jovem era “histérica”, “mal-amada” e que “precisava de homem e de sexo”.