Mais de 200 entidades protocolam pedido de impeachment de Guedes no STF

Escândalo da offshore em paraíso fiscal não é mencionado no parecer, que acusa ministro da Economia de crimes de responsabilidade na condução da pandemia da Covid-19

Foto: Seu Dinheiro (Reprodução)
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Uma coalizão denominada Direitos Valem Mais, formada por mais de 200 entidades da sociedade civil e consórcios de gestores públicos, protocolou um pedido de impeachment do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta-feira (7), no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ainda que o documento tenha sido apresentado ao Judiciário dias após o surgimento do escândalo Pandora Papers, que revelou que o "Posto Ipiranga" de Jair Bolsonaro mantém uma conta offshore com US$ 9.550.000 num paraíso fiscal, faturando milhões com a disparada do dólar, a razão apresentada para pleitear o afastamento de Guedes é a conduta tomada pelo ministro durante a pandemia da Covid-19.

Para as entidades que compõem o Direitos Valem Mais, o então "superministro" cometeu crime de responsabilidade ao não incluir no orçamento de 2021 recursos para combater a pandemia, o que resultou na piorar considerável da situação já calamitosa enfrentada pelo país.

A estratégia macabra do governo federal de apostar na chamada "imunidade de rebanho", permitindo que o vírus se espalhasse livremente, o que, segundo seus defensores, interromperia a transmissão comunitária após um grande percentual da população criar anticorpos, mesmo que ao custo de milhares de vidas, foi lembrada no pedido encaminhado à corte constitucional.

A frase preconceituosa e discriminatória de Guedes, que afirmou ser "bom o dólar um pouco alto, porque empregadas domésticas estavam indo para a Disney" é outro crime de responsabilidade apontado pela coalizão Direitos Valem Mais.

O aumento da desigualdade social e a expansão desenfreada da miséria, de acordo com estatística oficiais, também são considerados motivos legais para a saída de Paulo Guedes do Ministério da Economia, na visão dos signatários.

“No entendimento da Coalizão, o ministro atua na perspectiva de fomentar a pobreza, o que contraria os preceitos da Constituição. Segundo dados do Cadastro Único para programas sociais (CadÚnico), a pandemia aprofundou a desigualdade social, aumentando o número de pessoas em situação de extrema pobreza no país”, diz um trecho do texto protocolado no STF.