Enquanto o governo Bolsonaro protela a decisão de imunizar crianças contra a Covid-19 no Brasil, lançando mão de consultas e audiências públicas, a doença segue se espalhando entre a faixa etária.
O secretário do Ministério da Saúde Arnaldo Medeiros mostrou nesta terça-feira (4) que mais de seis mil crianças entre 5 e 11 anos foram internadas com a Covid-19 desde o início da pandemia, em março de 2020, até dezembro de 2021. Além disso, a doença matou 311, o que corresponde a aproximadamente uma criança a cada dois dias.
A taxa de mortalidade foi de 1.5% e a de letalidade de 4.9%. Segundo o médico negacionista Roberto Zeballos, os dados se referem a cepa Gama, que "imunizou muita gente". "Não sei porque até hoje ignoram a imunidade adquirida, porque isso é imunologia básica", afirmou Zeballos, em um claro desrespeito aos mais de 600 mil mortos no País.
Queiroga e Anvisa não vão à audiência
A audiência pública que ocorre nesta terça-feira (4) não conta com a participação do ministro Marcelo Queiroga e da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo ofício enviado pelo gabinete do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, à secretária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo, que conduz a audiência, a agência afirma que já aprovou a vacinação para a faixa etária no dia 16 de dezembro e, por isso, “não agregaria novos elementos à temática”.
Já Queiroga não explicou, até o momento, porque não foi a audiência. Nesta manhã, ele apenas republicou um vídeo em sua página no Twitter afirmando que crianças “não são depósitos de vírus, mas sim o futuro do nosso Brasil”.
O tema enfrenta resistência do governo Bolsonaro. O Ministério da Saúde abriu, em 23 de dezembro, uma consulta pública sobre a vacinação de crianças. Chefe da pasta, Marcelo Queiroga defende que a imunização seja feita somente com um atestado médico e a assinatura de um termo de consentimento por parte dos pais.
A consulta pública foi bastante criticada por especialistas, visto que a vacinação infantil trata-se de um assunto técnico que já foi aprovado pela Anvisa. De acordo com Queiroga, no entanto, o formulário é um instrumento da “democracia” que “amplia a discussão sobre o tema”.