Manaus: com quatro parentes em estado grave, homem vende carro para comprar oxigênio

Nesta sexta-feira (15), STF acatou ação do PT e do PCdoB e obrigou o governo Bolsonaro a tomar medidas urgentes para socorrer a capital amazonense, que vive colapso em seu sistema de saúde

Ambulatório em Manaus. Foto: Prefeitura de Manaus
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O colapso no sistema de Saúde de Manaus (AM), que vive um cenário de guerra com hospitais superlotados, falta de oxigênio nas unidades de saúde e inúmeros pacientes morrendo ou sendo transferidos para outros estados por falta de estrutura hospitalar, tem feito parte das pessoas, diante da inoperância do governo federal, a agir por conta própria e vender o próprio patrimônio para ajudar familiares.

Nesta sexta-feira (15), em entrevista à rádio BandNews FM, um morador da cidade que preferiu não se identificar revelou que vendeu o próprio carro para comprar um cilindro da oxigênio para seus parentes infectados pela Covid-19.

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Ele possui quatro familiares - a esposa, três filhos, uma nora e um genro - em estado grave e que estão em casa pela falta de vagas nas unidades de saúde.

"Eu só consegui comprar o gás e a bombinha porque vendi meu veículo, mas eu estou tendo dificuldade de comprar remédios já porque não dá para achar. A minha filha está sendo consultada, mas em uma consulta particular agora. Gastei mais de mil reais só de exame de sangue, mas eu sou grato a Deus por ter dinheiro para arcar com os custos. Tem gente morrendo na rua", revelou.

STF obriga Bolsonaro a agir

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, concedeu na noite de sexta-feira (15) tutela de urgência a uma ação movida pelo PT e pelo PCdoB que pedia que a Corte obrigasse o governo de Jair Bolsonaro a tomar medidas urgentes para conter o caos instaurado em Manaus (AM), que sofre com falta de oxigênio em seus hospitais desde a quinta-feira (14).

“Bem examinadas as alegações dos partidos requerentes, entendo que
elas se mostram perfeitamente plausíveis no tocante à descrição da
caótica situação sanitária instalada no sistema de saúde de Manaus,
capital do Estado de Amazonas, que está a exigir uma pronta, enérgica e
eficaz intervenção por parte das autoridades sanitárias dos três níveis
político-administrativos da Federação, em particular da União”, diz o ministro na decisão.

Com isso, pede que o governo promova “imediatamente, todas as ações ao seu alcance para debelar a seríssima crise sanitária instalada em Manaus, capital do Amazonas, em especial suprindo os estabelecimentos de saúde locais de oxigênio e de outros insumos médico-hospitalares”.

Lewandowski também determina a apresentação, em até 48h, de “um plano compreensivo e detalhado acerca das estratégias que está colocando em prática ou pretende desenvolver para o enfrentamento da situação de emergência, discriminando ações, programas, projetos e parcerias correspondentes, com a identificação dos respectivos cronogramas e recursos financeiros”.