Massacre de Paraisópolis completa 100 dias com ameaça de motim de PMs de Doria

Policiais estão insatisfeitos com as punições que receberam após a operação na comunidade, que deixou nove mortos e dezenas de feridos

Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
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No mesmo dia em que se completou 100 dias do massacre na favela de Paraisópolis, quando uma ação truculenta da Polícia Militar de São Paulo matou nove jovens e deixou dezenas de feridos em um baile funk, o governador João Doria (PSDB) decidiu trocar o comando-geral da corporação por conta do atual mal-estar entre agentes, o que poderia levar a um motim no estado.

Os PMs estão descontentes com as punições que receberam após o massacre em Paraisópolis, em dezembro do ano passado. Doria afastou do patrulhamento de rua 38 policiais que participaram da ação na comunidade, o que gerou desconforto na categoria.

Com isso, agentes passaram a pressionar pela saída do coronel Marcelo Vieira Salles do comando-geral da corporação, o que foi logo atendido pelo governador do estado. Para substituir Salles, Doria indicou o coronel Fernando Alencar Medeiros, que já comandou o 1º Batalhão de Choque das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota).

A insatisfação na PM se intensificou após a aprovação da reforma da Previdência estadual neste mês, que estabeleceu a idade mínima de 55 anos para aposentadoria tanto para homens como para mulheres. Sindicatos da Polícia Militar pleiteavam idade menor para as agentes, 50 anos.

Protesto

Para marcar os 100 anos do massacre, moradores de Paraisópolis organizaram um protesto em frente à viela onde ocorreram as mortes. O ato teve como objetivo pedir justiça pela vida das vítimas, cobrar uma resposta do governador e do prefeito Bruno Covas (PSDB), bem como ações em prol da comunidade.

Agentes da PM já assumiram que foram os responsáveis pela morte dos jovens, contudo, o relatório final da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo inocentou os PMs que participaram da operação, citando “legítima defesa” para pedir absolvição dos homens envolvidos.