Menina de 10 anos grávida que foi estuprada pelo tio tem direito a aborto, diz Débora Diniz

"Ela tem o direito de interromper esta gestação e não sofrer pressão religiosa do Estado", diz a antropóloga Débora Diniz em crítica a atuação de Damares Alves no caso

Débora Diniz (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)
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Professora da Universidade de Brasília (UnB), a antropóloga Debora Diniz criticou duramente a ministra Damares Alvez, da Mulher, Família e Direitos Humanos, que falou em "ajudar" a menina de 10 anos que foi estuprada e está grávida do próprio tio, sem citar, no entanto, que trata-se de um caso de aborto previsto em lei.

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"Menina de 10 anos é violentada desde os 6. Está grávida de um estupro. Ministra Damares quer oferecer “ajuda”. Há pressa aqui. Pressa em cuidar de uma frágil menina vítima de tortura. Ela tem o direito de interromper esta gestação e não sofrer pressão religiosa do Estado", afirmou Débora Diniz.

https://twitter.com/Debora_D_Diniz/status/1293964157088391168

Damares colocou agentes do Estado para "acompanhar de perto as investigações". O tio da menina foi indiciado e teve pedido de prisão preventiva expedido, mas encontra-se foragido.

Nas redes, Débora Diniz explica aos seus seguidores quais são as obrigações do Estado e expõe o dever da ministra de assegurar que a menor tenha aborto seguro garantido para preservar sua infância – etapa fundamental para o desenvolvimento humano saudável.

“Ela é só uma menina. Ministra Damares fala em ‘ajudar a criança e sua família’, termina dizendo que sua equipe irá ‘acompanhar o processo criminal até o fim’. Está errada. Seu dever é garantir que essa menina seja protegida, que sua identidade seja mantida no anonimato, que não grite essa história para fazer demagogia política”, afirma Debora Diniz em trecho do texto publicado.