Mercado quer que Guedes salve "biografia" (fã de Pinochet e farialimer)

Cada um salva o que tem. Interlocutores do meio econômico incentivam o ministro a se demitir para não fazer parte da proposta de furar o teto de gastos e assim se manter fiel aos "princípios (ultra)liberais"

O ministro da offshore, Paulo Guedes - Foto: Agenda do Poder/Reprodução
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Aliados políticos e do “mercado” têm aconselhado o ministro da Economia, Paulo Guedes, a se demitir do cargo e deixar o governo de Jair Bolsonaro, caso se confirme a aprovação da PEC dos Precatórios, que pretende alterar o limite do teto de gastos para incluir a proposta eleitoreira do presidente de ampliar o Bolsa Família para R$ 400 até dezembro de 2022, dois meses após o pleito que definirá o próximo ocupante do Palácio do Planalto.

O argumento usado por esses interlocutores de Guedes é de que ministro deve sair agora para “salvar sua biografia”, ainda que o “Posto Ipiranga” de Jair Bolsonaro fosse visto, até sua chegada ao governo, como um economista medíocre, sem qualquer relevância acadêmica e que se gaba de ter feito parte da equipe econômica do ditador genocida chileno Augusto Pinochet, que usou seu país como laboratório para experiências ultraliberais e políticas antipovo durante o período de exceção no qual comandou com mão de ferro a nação andina (1973-1990).

Além disso, Guedes sempre carregou a pecha de ser um radical ultraliberal que defende teses mofadas e antiquadas até para setores do neoliberalismo, em que pese sua gama de admiradores entre os chamados farialimers, apelido carinhoso para os fundamentalistas do "mercado" que atuam a partir da avenida da capital paulista que reúne boa parte do PIB brasileiro.

Debandada

Nesta quinta-feira (21), a pasta sofreu uma debandada com pedidos de demissão de quatro secretários: Bruno Funchal, secretário especial de Tesouro e Orçamento; Gildenora Batista Dantas Milhomem, secretária especial adjunta de Tesouro e Orçamento; Jeferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional; e Rafael Araújo, secretário-adjunto do Tesouro Nacional.

Em nota, o Ministério da Economia informou que os secretários alegaram “razões pessoais” para os pedidos de demissão. Os substitutos ainda não foram anunciados.

Bolsonaro diz que “Posto Ipiranga” fica

O presidente Jair Bolsonaro, que insiste em furar o teto de gasto por motivos eleitorais, afirmou há poucos minutos à rede de televisão CNN Brasil que seu "superministro" não sairá do governo.

“Paulo Guedes continua no governo e o governo segue com a agenda de reformas. Defendemos as reformas, que seguem no Congresso Nacional”, disse.